Uma pesquisa desenvolvida no curso de engenharia civil e arquitetura da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), de Tubarão, pretende reduzir custos na construção civil e combater a degradação ambiental ao reaproveitar as cinzas obtidas na queima do carvão mineral da Usina Termelétrica Jorge Lacerda.
A idéia é produzir um tijolo que, além da cinza, seja composto de cimento, terra e cal. Seria um material semelhante ao chamado tijolo de solo-cimento, que, por ser fabricado de forma artesanal, nunca chegou a ser comercializado em grande escala.
“Com a inclusão da cinza, o custo final do produto e, conseqüentemente, de uma possível obra, como uma casa, seria mais baixo se comparado aos materiais convencionais”, explica a coordenadora do projeto, engenheira civil Lucimara Aparecida Schambeck Andrade.
As pesquisas começaram há dois anos. As cinzas produzidas na geração de energia elétrica da Usina Jorge Lacerda foram analisadas nas mais variadas situações até serem utilizadas na fabricação dos tijolos. O produto final, que tem 50% de cinza, recebeu avaliação positiva prinicipalmente em dois pontos: resistência e absorção de água.
Testado em um equipamento especial, os tijolos suportaram uma pressão equivalente a duas toneladas e a absorção ficou em 20%. “São resultados satisfatórios. A pesquisa está praticamente concluída e mostra que o reaproveitamento da cinza pesada ajuda a evitar a degradação ambiental”, destaca Lucimara.
A última etapa da pesquisa é a construção de uma casa para testar a produção em uma obra. O material deve ficar de fora dos catálogos comerciais. Os pesquisadores pretendem promover a idéia de forma popular para o aproveitamento da comunidade. “Claro que um técnico teria a participação fundamental na produção dos tijolos. A obtenção da matéria-prima dependeria das usinas, mas isso não deve ser problema, pois a cinza pesada não tem valor comercial e representa um marketing negativo”, observa o estudantede arquitetura Maykon Luís da Silva, 27 anos.
(
A Notícia, 04/06/2007)