Um mapeamento inédito revelando características dos recursos hídricos do Nordeste brasileiro foi lançado na sexta-feira (01/06) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os primeiros estados retratados foram a Paraíba e o Rio Grande do Norte. O estudo traz informações sobre a localização dos sistemas aqüíferos subterrâneos (conjunto de rochas capazes de armazenar água no subsolo) e a qualidade da água para o consumo ou irrigada para a utilização na agricultura.
De acordo com o geólogo do IBGE Sidney Ribeiro, os dados vão auxiliar a gestão de políticas públicas e o desenvolvimento econômico da região, que enfrenta diversos problemas causados pela seca.
"A partir de todas essas informações, é possível, por exemplo, evitar a salinização da terra, através da irrigada com uma água imprópria para esse fim. Assim, a gente permite que ela seja aproveitada também por outras gerações", explicou.
O geólogo informou que o mapeamento revelou que o estado do Rio Grande do Norte conta com um armazenamento de água potável significativo na região litorânea. Em outras áreas, mais distantes do litoral, segundo o estudo, a água tem um teor elevado de salinização. Por isso, para ser consumida ou utilizada na agricultura, ela precisa sofrer um processo de
dessalinização.
A Paraíba, revela ainda o mapa, conta com uma condição ainda mais crítica. A área que armazena a água de melhor qualidade, localizada ou na região litorânea ou muito no interior, só retêm água nos períodos de grandes chuvas. "Como há distribuição irregular de chuvas, em boa parte do ano a situação é crítica para o consumo de água", disse.
Para desenvolver o estudo, o IBGE contou com o apoio da Universidade Federal de Pernambuco, que realizou coletas de água da região e analisou as amostras.
O Instituto apresentou ainda um outro mapa, que já está em sua segunda edição, atualizando as unidades de relevo no país, como depressões, morros, montanhas e vales. Na primeira edição, lançada em 1993, foram identificadas 65 unidades, a atual traz 167. De acordo com o instituto, esse maior detalhamento é fundamental porque o relevo tem uma relação de causa e efeito com o clima, a vegetação e os solos e ainda influencia a distribuição da população, além de condicionar as atividades econômicas e estruturação da rede viária.
(Por Thais Leitão, Agência Brasil, 01/06/2007)