A implantação do Parque Estadual da Ilha Grande começa a se transformar em realidade. O primeiro passo foi dado sexta-feira (01/06) com a assinatura de convênio entre o Instituto Estadual de Florestas do Rio de Janeiro (IEF) e o Instituto Ambiental Vale do Rio Doce, que investirá R$ 1,5 milhão na recuperação florestal da unidade ambiental.
Apesar de ter sido criado em 1971, o parque não existia na realidade, informou à Agência Brasil o vice-presidente do IEF e coordenador do projeto, Paulo Bidegain. "Nos dez primeiros anos de existência, o parque da Ilha Grande não viu a cor de um centavo. Ele foi criado e só existia um decreto”, afirmou. Algum dinheiro de pequena monta entrou na unidade somente nos anos de 1992 e 93.
Na época de sua criação, o parque possuía cerca de 15 mil hectares. Em 1979, no governo Faria Lima, ele foi reduzido para 5,6 mil hectares. Essa área foi duplicada este ano pelo governador Sérgio Cabral Filho, atingindo 12 mil hectares, o que corresponde a 65% da ilha. Bidegain revelou que no futuro, com a incorporação ao parque da Reserva Biológica da Praia do Sul, "serão 87% da Ilha Grande protegidos para as presentes e futuras gerações".
O Parque vai receber vários investimentos, além do da Companhia Vale do Rio Doce. O IEF está negociando no momento outras parcerias com a empresa TermoRio e o governo alemão, que aplicarão recursos na segunda fase do Plano de Implantação e Operação do Parque Estadual da Ilha Grande. O aporte da TermoRio ainda não foi fechado, mas pode chegar a até R$ 2 milhões. Já os recursos do governo da Alemanha, que serão concedidos através do Banco KFW, deverão somar R$ 1 milhão, disse o vice-presidente do IEF.
A segunda fase do projeto visa a construção da infra-estrutura física do parque, englobando ainda pessoal, serviços prestados aos visitantes e proteção ambiental. As primeiras intervenções começarão no final de agosto ou início de setembro próximos, prevendo-se a conclusão de toda a infra-estrutura até dezembro de 2008. “A obra mais importante vai ser o Centro de Visitantes, na Ilha do Abraão, que será a porta de entrada do parque”, indicou Bidegain. A terceira fase já se acha em planejamento e envolve os serviços de administração, como manutenção predial e de veículos.
Em todos esses 36 anos, o parque nunca esteve fechado à visitação, informou Paulo Bidegain. Ele funcionou, embora de forma precária, “porque não existe de fato, não tem placa, não tem nada. Não tem gente para receber, não tem centro de visitantes. Ele é uma ficção”. Apenas quatro funcionários trabalham na unidade.
Na segunda-feira (04/06), o governo do Rio de Janeiro deve enviar à Assembléia Legislativa (Alerj) projeto de lei para realização de um concurso público visando a contratação de 240 pessoas para todos os parques e reservas biológicas do estado. Parte desses profissionais será destinada ao Parque da Ilha Grande.
O projeto de lei cria o Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea), que vai integrar os órgãos ambientais fluminenses, que são o Instituto Estadual de Florestas (IEF), a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) e a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla).
Pelo convênio, a Companhia Vale do Rio Doce vai investir R$ 1,5 milhão no projeto. "A parceria visa instalar um viveiro de produção de mudas de espécies da própria Ilha Grande, capacitando a mão-de-obra local para realizar a coleta de sementes e a reprodução dessas espécies", afirma Maurício Reis, diretor da Área de Gestão Ambiental da Vale.
"Essa escolha foi muito feliz para todos nós", avalia o diretor da organização ambiental SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, que comemora a efetivação do parque.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 04/06/2007)