O diretor técnico de enriquecimento de urânio da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Carlos Freire Moreira, disse que a comunidade nuclear torce para que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprove, em sua próxima reunião, o projeto de retomada da usina Nuclear de Angra 3.
A reunião do CNPE está prevista para ocorrer neste mês, em data a ser definida, de acordo com informação da assessoria de imprensa do Ministério de Minas e Energia.
Sexto país em reserva de urânio do mundo, o Brasil se insere entre as nações que dominam a tecnologia de enriquecimento de urânio, matéria-prima do combustível para as usinas nucleares. “Por ter reservas significativas de urânio e objetivos bastante definidos de utilizá-las para fins pacíficos, seja na área da medicina, seja na área de geração de energia, e pela necessidade que o país tem de energia, eu acho que a vinda de Angra 3 vai ocorrer no momento oportuno. E pode contribuir para todo o crescimento da nossa indústria nuclear, com segurança, com transparência”, avaliou Moreira.
As reservas de urânio do Brasil somam cerca de 300 milhões de toneladas. Até agora, porém, só foi prospectado o equivalente a um terço do território nacional, informou o diretor da INB.
Ele destacou que o Brasil detém o domínio de toda a tecnologia do ciclo de urânio. O país não possui ainda, em escala industrial, a conversão, “mas temos desenvolvido pela Marinha, no centro experimental de Aramar, a planta laboratorial, bem como a de teste, e está sendo implantada a unidade de conversão em Iperó (SP), com tecnologia desenvolvida também pela Marinha”.
A parte de enriquecimento de urânio começou em São Paulo, em função do projeto do submarino nuclear da Marinha. “E a área civil, industrial, se beneficia dessa capacitação”, afirmou Moreira. Ele observou que a Marinha está transferindo essa tecnologia para a fábrica da INB em Resende, no estado do Rio.
Em maio do ano passado, foi inaugurada a primeira unidade de enriquecimento de urânio na fábrica da INB em escala industrial. O projeto foi dividido em duas etapas para ficar compatível com a disponibilidade de recursos do país, explicou o diretor da INB.
Numa primeira etapa, a empresa pretende atender 60% das necessidades de combustível nuclear das usinas de Angra 1 e 2. A estimativa é de que essa meta seja atingida até 2010. A segunda etapa do projeto, prevista para até 2015, atenderia 100% das necessidades de Angra 1 e 2. “A idéia é que, saindo Angra 3, como esperamos que saia, possamos contribuir na realidade e chegarmos a 100% senão em 2015, mas muito próximo disso, para atendermos às três usinas. Mas, tudo isso vai depender muito de Angra 3”, disse Moreira.
A INB é vinculada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e subordinada ao Ministério de Minas e Energia.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 03/06/2007)