Em Londrina, segundo dados do Programa Municipal de Coleta Seletiva, menos da metade dos condomínios localizados no centro aderiram à idéiaApenas 12,7% dos condomínios existentes em Londrina realizam a coleta seletiva de lixo. Conforme o Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi), a cidade possui 1.133 empreendimentos do tipo (residenciais e comerciais). Mas, segundo José Paulo da Silva, coordenador do Programa Municipal de Coleta Seletiva, somente 144, dos 360 instalados no centro, aderiram à idéia. O Centro Comercial é um dos mais antigos neste grupo. Semanalmente, o condomínio enche mais de 50 sacos, de 100 litros, com lixo reciclável. ''No passado, o material era revendido aos sucateiros pelos funcionários. Mas, o surgimento de leis e das ONGs mudou o hábito'', disse o síndico Herandino Mariano, que administra o local há quase 20 anos.
Assim como ele, o zelador Odir Raidz, do edifício residencial Ilha de Rhodes, aprova a separação do lixo. Na opinião de ambos, isso diminui a sujeira e o mau cheiro ampliados na mistura dos resíduos orgânicos e inorgânicos. ''Não é difícil porque todos os apartamentos dividem o trabalho e a quantidade do lixo úmido é menor no decorrer da semana'', justificou Raidz.
No Residencial do Lago III, a triagem dos resíduos diminuiu em 70% o volume recolhido pelos caminhões de lixo. Conforme o síndico Nemias Nicolau da Silva, parte dos 90 apartamentos já separava o material antes da orientação encaminhada pela CMTU. ''Essa iniciativa dos moradores facilitou a logística no prédio e o trabalho dos catadores'', disse.
A coleta seletiva de papéis, plásticos, vidros e alumínio é a atitude mais primária no processo de reaproveitamento do lixo. Graças a ela, milhares de brasileiros descobriram que a reutilização de materiais inorgânicos é uma valiosa fonte de renda. Em Londrina, por exemplo, 20% dos resíduos sólidos descartados pela sociedade beneficiam cerca de 500 famílias. Segundo Gerson da Silva, secretário municipal do Meio Ambiente, este índice colocou o município no topo do ranking da reciclagem brasileira, conforme pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada em 2006.
Apesar disso, ainda há muito a ser feito. Na opinião da promotora do Meio Ambiente, Solange Vicentin, 60% das 440 toneladas de lixo produzidas diariamente em Londrina poderiam ser recicladas. A partir de fevereiro de 2008, todos os municípios brasileiros serão obrigados a compostar (transformar em adubo) seu lixo orgânico, conforme determina a lei federal 11.445, de fevereiro deste ano. Caso contrário, o Executivo poderá responder judicialmente por improbidade administrativa.
Baseado na resolução 275/2001, do Conama, e na lei estadual 12.493/99, o Conselho Municipal do Meio Ambiente (Consema), criou a resolução nº 11, em 4 de dezembro do ano passado, para reforçar a coleta seletiva na cidade. Considerando o artigo 192, da Lei Orgânica do Município, que obriga a fonte geradora a selecionar, tratar e destinar corretamente toda espécie de lixo, e a necessidade de prolongar a vida útil do aterro controlado, o Consema determinou que residências, comércio e indústrias separarem e entreguem o lixo seco (reciclável) aos catadores, a partir de 1º de janeiro deste ano.
(Por Betânia Rodrigues,
Folha de Londrina, 03/06/2007)