A entrada em operação da Usina Angra 3 é fundamental para o desenvolvimento do país e para a melhoria da qualidade de vida da população. A declaração foi feita nesta quinta-feira (31/05) pelo presidente do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Instituto Brasil Pnuma), Haroldo Lemos.
Ele lembrou que, como a construção da usina está paralisada há cerca de 20 anos, o país gasta aproximadamente US$ 20 milhões por ano com a manutenção dos equipamentos, já comprados.
"Eu sou absolutamente a favor. Os equipamentos já estão comprados, nós estamos gastando dinheiro para mantê-los. Por que, então, não montar a usina com todo o cuidado necessário?”, questionou. "Construir novas usinas é discutível, porque é preciso pensar nas necessidades, na localização, nas tecnologias. Mas nós não vamos escapar de precisar de mais energia nuclear no futuro", afirmou, ao participar da abertura das comemorações pela Semana do Meio Ambiente promovidas pela Eletronuclear.
O presidente do Pnuma também afirmou que atualmente as usinas nucleares são muito mais seguras do que as construídas logo que a tecnologia foi desenvolvida. Segundo ele, o principal problema nesse tipo de fonte energética é a produção dos rejeitos tóxicos. De acordo com a Eletronuclear, todo o lixo produzido (que é o combustível depois de irradiado) é armazenado em cápsulas em condições seguras, que permitem o isolamento de todo o material em uma piscina na própria usina.
"Essa é a solução hoje aceitável, mas tem que ser mantida se não descobrirmos nada melhor a se fazer e isso significa ter custos etc. O ideal seria que num futuro próximo fosse desenvolvida uma tecnologia para neutralizar esses resíduos. No entanto, pior do que fazer a armazenagem é ficar sem geração energética. A sociedade não nos perdoaria se tomássemos essa decisão e faltasse energia", declarou.
No dia 16, o secretário de Desenvolvimento e Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimermmann, disse que o país precisará de quatro a oito novas usinas atômicas para suprir o crescimento da demanda por energia até 2030. A necessidade é contestada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e por entidades como o Greenpeace, que apontam riscos no acúmulo de lixo radioativo e possibilidades de produção energética a custo mais baixo.
O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, que também participou da abertura do evento de hoje, lembrou que o Brasil conta com uma das maiores reservas mundiais de urânio (combustível usado nesse tipo de usina). Ele também afirmou que a construção das duas outras usinas nucleares brasileiras (Angra 1 e Angra 2) foi decidida numa perspectiva de necessidades futuras, ao contrário do que hoje acontece com Angra 3.
Segundo ele, neste caso, trata-se de uma "perspectiva atual de necessidade e de desenvolvimento econômico". Segundo ele, embora a matriz energética brasileira seja predominantemente hidrelétrica, precisa da geração térmica para garantir a estabilidade em épocas de seca. A fonte nucelar é uma alternativa (ao lado do gás e do petróleo) de geração de energia térmica.
"As térmicas funcionam como um reservatório virtual para garantir o abastecimento. A gente quer eletricidade no verão, quando há maior disponibilidade de água para fazer funcionar as hidrelétricas, para usar o ar condicionado, a cafeteira. Mas no inverno, quando há menos chuvas, a gente também quer continuar tendo eletricidade. Por isso, a gente tem que assegurar que o ano todo e ao longo dos anos haja geração energética. Tem que diversificar para ter segurança", defendeu.
(Por Thais Leitão,
Agência Brasil, 31/05/2007)