Nos nove CDs e nas cerca de mil páginas dos relatórios da Operação Moeda Verde encaminhados pela delegada federal Julia Vergara da Silva ao juiz Zenildo Bodnar ainda há muito o que se investigar.
Em dezembro de 2006, quinto mês de monitoramento telefônico, os agentes que atuavam na operação precisaram interromper as escutas por causa das inúmeras "ramificações" proporcionadas por um dos investigados, notório falastrão.
Os agentes federais, que concentravam os trabalhos nas suspeitas de favorecimento a empreendimentos imobiliários, não puderam ignorar as conversas indiscretas que indicavam a existência de "relações perigosas" com outros empresários e agentes públicos que não eram alvo da investigação inicial.
Isso obrigou a um redirecionamento das investigações e das escutas telefônicas, trabalho que está em curso e pode incriminar pessoas cujos nomes não foram citados, como reconheceu a delegada através da assessoria de imprensa da Polícia Federal (PF), Idia Assunção.
É por essa e outras razões que o juiz Zenildo Bodnar, em seu despacho que decretou a prisão preventiva de quatro dos 22 suspeitos, deixa expresso que ainda há investigações em torno de funcionários do "alto escalão do Executivo municipal" e empresários "do ramo hoteleiro", sem citar nomes.
De acordo com a assessora de imprensa da Justiça, Bodnar está de férias participando de congresso de Direito Ambiental, em São Paulo. Por isso, não fala sobre o assunto.
Em entrevista publicada na edição de junho do jornal O Judiciário, publicação da Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC) que começa a circular hoje, Bodnar afirma que, assim que receber a denúncia do Ministério Público Federal julga o caso "em 120 dias".
A principal atividade da delegada nesta semana é a tomada de depoimentos de testemunhas e suspeitos.
Delegada deve tomar 40 depoimentos em 15 diasA previsão da PF é ouvir "no mínimo" 40 pessoas nos próximos 15 dias. Geralmente, os depoimentos duram entre duas e três horas.
Todos os depoimentos são tomados pela delegada. Por isso, o número de pessoas ouvidas a cada dia não passa de quatro. As testemunhas foram intimadas porque tiveram os nomes ligados ao núcleo da suposta quadrilha que comandava o alegado esquema. O prazo da Justiça para a conclusão do inquérito acaba em uma semana. Mas, como faltam muitos depoimentos, a delegada deve pedir prorrogação. Com isso, a data final para a entrega do relatório passa a ser o dia 6 de julho.
(Por João Cavalazzi e Felipe Pereira,
Diário Catarinense, 01/06/2007)