O estudo que está sendo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que avalia o impacto da instalação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) na economia regional irá contribuir para o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que analisa as responsabilidades do estado e da União na instalação dos complexos Petroquímico de Itaboraí, Gás-químico de Duque de Caxias e Siderúrgico de Santa Cruz. Os primeiros resultados do levantamento serão entregues no fim de agosto. "Estas informações serão fundamentais para estruturar o relatório final e contribuir na elaboração de um plano diretor que aborde aspectos como o ambiental, a urbanização, transportes, habitação e educação pública", analisa o presidente da CPI, deputado Luiz Paulo (PSDB), que é autor, junto com o deputado Rodrigo Neves (PT), do projeto de lei 419/2007 que dispõe sobre a elaboração do plano diretor metropolitano do Estado do Rio de Janeiro.
Segundo o representante da Firjan, Augusto Franco, o objetivo do estudo, que será concluído em outubro, é oferecer às prefeituras dos municípios na área de influência do Comperj e aos investidores privados uma visão de futuro. "A intenção é prepará-los para aproveitar a onda de desenvolvimento que está por vir. Ainda será feito um levantamento sobre a necessidade destas empresas na questão da infra-estrutura. Queremos evitar competições desnecessárias entre os municípios. Com base na matriz regional de desenvolvimento produtivo, será possível propor estratégias de especialização para cada cidade", explicou Franco.
A Firjan apóia, ainda, um projeto junto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RJ) e a Petrobras que formará três mil profissionais da área de construção civil durante o primeiro ciclo de capacitação de mão-de-obra para a instalação do Comperj. "Nesta fase serão treinados apenas profissionais com ensino fundamental para exercerem atividades de pedreiro, armador, carpinteiro e eletricista", detalhou. Para Rodrigo Neves, a Firjan é uma das poucas instituições do estado que evidenciou a necessidade do diálogo para fomentar o desenvolvimento do estado. "Estamos construindo o papel coletivo na Assembléia Legislativa, que é o de discutir os problemas que venham a surgir e encontrar soluções", ressaltou.
O gerente administrativo da Rio Polímeros SA (Riopol), Ricardo Lessa, foi o segundo convidado do dia e falou sobre a criação e a situação atual da empresa. Com investimentos de US$ 1 bilhão, sendo 60% financiado por bancos de investimento e 40% com aporte de acionistas, a empresa fez inúmeros estudos de impacto ambiental que mostraram que todas as medidas de controle foram tomadas durante sua instalação. "Neste ponto, a ajuda da prefeitura de Duque de Caxias na elaboração do plano diretor para a cidade foi fundamental", completou Lessa. O gerente administrativo também falou sobre a importância da construção do Anel Viário de Campos Elíseos, que será usado para o escoamento da produção, pois ligará a Riopol ao Porto de Itaguaí e ao Arco Metropolitano. "O custo pode chegar a R$ 80 milhões. Já investimos R$ 15 milhões junto com a Associação das Empresas de Campos Elíseos (Assecampe) e esperamos a ajuda do estado e do município de Duque de Caxias para finalizá-lo", explicou Lessa.
Perguntado sobre o número de funcionários da Riopol que moram no entorno da empresa, Lessa confirmou que somente 5% dos empregados diretos são moradores da região, mas que no futuro este número tende a aumentar. "Realmente a grande parte dos nossos funcionários é composta por operadores contratados de outros estados, mas já existem 145 operadores júnior, vindos de escolas técnicas, que substituirão os atuais num futuro próximo", garantiu Lessa.
O deputado Zito (PSDB), que era prefeito de Caxias na época da construção da empresa, cobrou a construção de uma escola, prometida pela Riopol, e informações sobre a situação da água no bairro de Ana Clara. Ricardo Lessa confirmou que está esperando a liberação do terreno pela prefeitura para iniciar as obras da escola e que há um projeto de construção de uma estação de tratamento de água em Campos Elíseos para resolver a situação da falta de água.
O secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, e o presidente da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), Nelson Massini, serão os próximos convidados da CPI. O objetivo dos deputados é debater a questão da qualificação da mão-de-obra, já que se espera a contratação de mais de 30 mil trabalhadores a partir da implantação dos pólos. "Queremos produzir um relatório consistente e acredito que cada um dos convidados poderá contribuir para o trabalho da comissão", concluiu Luiz Paulo.
(Comunicação Social-Alerj / Jornal do Meio Ambiente, 31/5/2007)