Após um ano relativamente calmo, a bacia atlântica enfrenta, a partir de sexta-feira (01/06), a ameaça de uma temporada de furacões intensa, na qual estão previstos até cinco ciclones com ventos devastadores de mais de 178 km/h. Os meteorologistas da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA) dos Estados Unidos previram a formação de entre 13 e 17 tempestades tropicais para a temporada que começa na sexta e termina em 30 de novembro.
Do total de tempestades, entre sete e dez se tornariam furacões, dos quais de três a cinco poderiam se transformar em ciclones de grande intensidade. – Com a expectativa de uma ativa temporada, é de fundamental importância que os moradores da Costa Leste dos Estados Unidos, do Golfo do México e do Caribe estejam preparados – alertou Bill Proenza, diretor do Centro Nacional de Furacões (NHC) dos EUA.
Em uma temporada média, ocorre a formação de 11 tempestades e seis furacões, incluindo dois de categoria três ou maior na escala de intensidade Saffir-Simpson, que vai de um a cinco. O fim da corrente El Niño, que inibe a formação de ciclones no Oceano Atlântico, e a provável presença do La Niña no Pacífico tropical, que tem efeito contrário, são duas condições que levam à previsão de uma agitada temporada, segundo especialistas.
A estes fatores acrescenta-se a chamada "multidécada tropical". Desde que se passou a fazer o registro dos furacões, observou-se que em algumas décadas existe muita atividade e, em outras, pouca. Este período de grande atividade ciclônica começou em 1995 e geralmente dura de 20 a 30 anos. A previsão significa uma má notícia para Estados Unidos, Caribe e México, que tiveram um alívio em 2006 depois dos estragos sofridos em 2004 e 2005 por duas intensas temporadas.
Temporada foi agitada em 2005
Só em 2005, formaram-se 28 tempestades tropicais e 15 furacões, dos quais quatro chegaram a ter ventos de mais de 200 km/h. Neste ano, o furacão "Katrina" arrasou Nova Orleans, na Louisiana (EUA), matando 1,5 mil pessoas e causando perdas materiais de US$ 80 bilhões. Mas, no ano passado, o El Niño serviu como escudo protetor da bacia atlântica e formaram-se apenas nove tempestades e cinco furacões, sendo que nenhum deles tocou terra nos Estados Unidos.
Em abril, Philip Klotzbach e William Gray, meteorologistas da Universidade Estadual do Colorado, também previram uma agitada temporada para 2007. Sua previsão é semelhante à feita pela NOAA: 17 tempestades tropicais e nove furacões, dos quais cinco serão de grande intensidade. – Aumentamos nossa previsão devido, em grande parte, à rápida dissipação das condições do El Niño. Agora estamos classificando-a como uma temporada muito ativa. No entanto, não será tão ativa como as temporadas de 2004 e 2005 – disseram os cientistas.
Os especialistas esperam uma temporada "muito ativa" enquanto as condições do La Niña continuarem "acima da média no Atlântico Norte". Klotzbach e Gray, conhecido no país como o "guru dos furacões", disseram que existe 74% de chance de que pelo menos um ciclone de categoria 3, 4 ou 5 ocorra nos Estados Unidos. Para a Flórida, um dos principais alvos terrestres dos furacões, existe 50% de chance e, para a costa do Golfo do México, 49%.
(AGÊNCIA EFE, 31/05/2007)