AQUECIMENTO GLOBAL ALTERA GENES DE ANIMAL
2001-11-07
Um mosquito americano é o primeiro animal do mundo a ter uma alteração genética associada ao aquecimento global. Uma pesquisa da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos, revelou que o inseto ajustou seu ciclo reprodutivo para aproveitar-se do aumento da temperatura. Essa é a primeira vez que se comprova a teoria de que as mudanças climáticas são capazes de provocar mudanças profundas na natureza. O Wyeomyia smithii passa a maior parte de sua curta vida na poça de água formada entre as folhas de uma planta carnívora. Ele habita a costa leste americana e é adaptado ao frio. Segundo os autores do estudo, o mosquito parece ter se ajustado à freqüência maior de períodos quentes registrada nos últimos anos. Seu período reprodutivo foi estendido e agora ele se reproduz em épocas do ano antes muito frias para a procriação. Há anos cientistas sabem que muitas plantas e animais adaptaram-se ao aquecimento da temperatura da Terra registrado a partir da segunda metade do século XX, tomando vantagem do aumento dos períodos quentes. Todavia, nenhuma alteração em seus genomas havido observada. William Bradshaw e seus colegas do Departamento de Biologia da universidade escolheram os mosquitos como objeto de estudo porque eles são sensíveis a variações de temperatura, precisam de calor e têm ciclos de vida curtos, o que permite estudar muitas gerações em poucos anos. A modificação genética encontrada está associada à regulação do fotoperíodo (disponibilidade de luz e calor do dia), característica considerada geneticamente determinada, transmitida de uma geração a outra e que controla o ciclo de vida dos mosquitos nas diferentes estações do ano. (O Globo-6/11)