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comércio de marfim
2007-06-01

Enquanto se aguarda a imposição de um veto global ao comércio de marfim, defensores dos elefantes se esforçam para bloquear um novo carregamento desse material destinado ao Japão e exigem controles internos mais rígidos. “O Japão continuará sendo uma praça interessante para os comerciantes de marfim por sua falta de regulamentações rígidas”, disse o advogado Masayuki Sakamoto, diretor da Sociedade para a Proteção da Vida Silvestre (JWCS), organização japonesa sem fins lucrativos que luta contra o comércio de marfim. “Sem controles efetivos, o Japão é uma ameaça direta para a população de elefantes da África”, acrescentou.

O Quênia defende uma proibição de 20 anos para esse comércio. A proposta será debatida pelos 171 países –membros da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites), que vão realizar sua reunião bienal em Haia, na Holanda, entre 3 e 15 de junho. O encontro é patrocinado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Atualmente, pelos termos de um acordo de 2000, o Japão pode receber, a título extraordinário, 60 toneladas de marfim como único importador legalmente autorizado pela Cites. Entretanto, Sakamoto apontou novos casos de contrabando para o Japão como prova de um rentável fluxo ilegal para expor a necessidade de novas regras.

Este ativista propôs, entre outras medidas, que se identifique e leve a julgamento os que violam a proibição. Além disso, a base de dados do Ministério da Economia e do Comércio não permite reunir informação suficiente para verificar as importações de presas de elefantes enviadas ao Japão para elaborar produtos a partir do marfim, disse Sakamoto. Os defensores das espécies em perigo também se queixam de uma norma pela qual as pessoas não estão obrigadas a registrar todos os dentes de elefantes que possuem. Desta forma, os que compram dos contrabandistas podem declarar que já possuíam as peças antes da imposição da proibição mundial, afirmam os conservadores.

O marfim bruto africano é muito cobiçado no Japão, onde as grossas presas de cor creme são tradicionalmente utilizadas para fabricar emblemas corporativos com detalhes intrincados ou selos pessoais para validar documentos, em substituição à assinatura. A maior parte do marfim bruto que se declara está monopolizada por um pequeno número de influentes artesãos, que buscam presas inteiras e de grande diâmetro para fabricar peças mais delicadas. Os selos de marfim (“hanko”, em japonês) são muito procurados pelos mais ricos, sendo uma fonte de lucro importante para quem os produz. Chega-se a pagar mais de US$ 20 mil por peça.

Fumiko Nakao, funcionária do Ministério de Meio Ambiente, rechaçou as críticas e afirmou que a decisão governamental de reiniciar as importações visa a colaborar com os países africanos em seus esforços para proteger os elefantes. “O Japão se compromete a usar somente marfim legal. Nossas regulamentações são rigidamente aplicadas. Por isso descobrimos marfim contrabandeando em nossos portos”, acrescentou. Por sua vez, Sakamoto lembra que uma investigação feita com ajuda de voluntários permitiu descobrir que a quantidade de marfim contrabandeado apreendida cresceu rapidamente no ano passado: seis caixas de marfim bruto m 2006 contra apenas uma em 2005.

O caso mais espetacular foi a apreensão em Osaka, em agosto passado, de um carregamento de 2,8 toneladas de selos e peças feitas com marfim, o maior até o momento. O material procedia de um carregamento que zarpara de Pusan, na Coréia do Sul, com destino a essa cidade japonesa, berço da mais antiga indústria do hanko. Uma inspeção da JCWS descobriu marcas em língua suahili nas presas. O carregamento tinha sido enviado através da Malásia e Coréia do Sul, e, segundo denúncia dos ativistas, intervieram tanto a máfia sul-coreana quanto a japonesa, que tem fortes ligauções com os artesãos de marfim.

Um membro da Associação Japonesa de Artesanato do Marfim, com sede em Asakusa, região de Tóquio onde residem muitos artesãos, que não quis se identificar, negou-se a responder perguntas sobre o comércio, mas garantiu que a entidade é contrária ao contrabando. “Enfrentamos muitos problemas. a proibição ao comércio do marfim provocou uma grande baixa no número de novos aprendizes, porque as pessoas não vêem nenhum futuro nessa atividade. Aguardamos ansiosamente que a reunião da Cites de junho autorize um novo carregamento, acrescentou.

Os conservacionistas temem que o crescente poderio econômico da China, onde as pessoas também utilizam selos pessoais, leve a um aumento do contrabando e coloque em um perigo ainda maior os elefantes, particularmente na África. Hideo Obara, respeitado biólogo e protetor da fauna, lamenta que a questão do marfim coloque novamente o Japão em uma posição incômoda frente a outras nações. O cientista também é um dos principais defensores da campanha para que seu país abandone a caça à baleia. “Tal como ocorre com as baleias, o marfim pode ser visto como uma questão de orgulho nacional. Os selos podem ser feitos, sem problema, de materiais mais baratos e sustentáveis. Ao buscar cotas de importação que mantenham o velho costume de usar marfim para o hanko, a proteção dos elefantes acaba ignorada”, concluiu Obara.
(Por Suvendrini Kakuchi, IPS, 31/05/2007)


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