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biocombustíveis
2007-06-01

Cuba aposta no desenvolvimento de fontes renováveis de energia dentro de uma estratégia na qual ficou descartada a produção de combustível a partir da cana-de-açúcar, cultivo que já liderou a economia deste país. Entretanto, especialistas e pesquisadores cubanos continuam olhando a indústria açucareira como um setor estratégico capaz de produzir alimento para consumo humano e animal, gerar energia elétrica a partir do bagaço ou fabricar diversos tipos de álcool e até medicamentos, entre outros derivados. Em épocas de bonança, com safras de até oito milhões de toneladas, essa indústria produzia cerca de 10% da eletricidade gerada em Cuba. Mas, com a queda da produção na última década, essa participação na matriz energética disponível caiu para 5,6% entre 1990 e 2002.

Em 2002, a indústria açucareira foi submetida a uma reestruturação que fechou definitivamente cerca da metade de seus 156 engenhos, com o objetivo declarado de ajustar sua produção aos preços internacionais, que nessa época chegaram a ficar em seis centavos a libra. “A primeira fonte renovável continua sendo a biomassa gerada pela cana, e, se a estratégia para o futuro é produzir energia de maneira descentralizada com uma matriz diversificada, esse portador deverá estar presente”, disse à IPS o pesquisador cubano Julio Torres, especializado no assunto. Boa parte dos engenhos que sobreviveram à reestruturação e se mantêm ativos renovaram suas instalações para a co-geração de eletricidade e se auto-abastecem, mas, ainda não contam com sobra de energia para vender à rede nacional.

“São necessários investimentos para a mudança tecnológica que torne eficiente a indústria de geração de energia elétrica. O problema não está na quantidade de engenhos trabalhando, mas na qualidade de cada um”, disse Torres, para quem “a biomassa da cana pode ser início da mudança para uma energia sustentável no país”. O especialista disse que há planos para plantar mais cana, mas os pesquisadores “devem começar estudar a melhor maneira de vencer as mudanças e variações do clima, que tem forte impacto no setor agrícola”.

Este ano, as chuvas fora de temporada impediram o desenvolvimento normal da colheita açucareira, que acabou em meados deste mês com uma produção não superior à obtida em 2006, de 1,2 milhão de toneladas, segundo estimativas extra-oficiais. Calcula-se que a biomassa é uma das fontes de energia que não provoca aumento de dióxido de carbono na atmosfera, principal responsável pelo aquecimento global. O custo de cada quilowatt é cerca de quatro vezes inferior ao obtido do combustível fóssil, e além do mais não contamina. Embora os resíduos da indústria alcooleira sejam altamente nocivos ao meio ambiente, o uso da tecnologia adequada permite aproveitá-los na produção de biogás, que passara a substituir o óleo combustível usado na própria destilaria.

Esse biocombustível é obtido da decomposição em um ambiente anaeróbico (sem oxigênio) e é considerado um combustível econômico e renovável que pode ser usado na cozinha e produção de eletricidade, já que gera um subproduto muito bom como fertilizante e alimento para peixes e aves. “O biogás tem vários usos, mas o mais importante é seu impacto na descontaminação ambiental nas usinas de açúcar e café do país”, disse à IPS Luis Bérriz, presidente da Cubasolar, a Sociedade para a Promoção das Fontes Renováveis de Energia e o Respeito ao Meio Ambiente.

Em sua opinião, é necessário “maior desenvolvimento dessa forma de obter energia alternativa no país”, que já explora a hidrelétrica e a solar fotovoltaica e pretende também desenvolver a força dos ventos para produzir eletricidade. Diretores do setor açucareiro anunciaram em junho passado, durante uma reunião internacional realizada em Havana, um ambicioso programa de expansão da indústria do álcool que incluía a modernização de 11 destilarias e instalação de outras sete, nas quais se contemplaria diferentes soluções para os resíduos.

O projeto se encaminhava para aumentar a produção de álcoois e incluía a fabricação de álcool desidratado para misturar à gasolina e para exportação, disse à IPS na ocasião Luis Gálvez, diretor do governamental Instituto Cubano de Pesquisas dos Derivados da Cana de Açúcar. Porém, o setor deixou de lado seus planos de fabricar etanol combustível, tema sobre o qual o convalescente líder Fidel Castro promove um forte debate, centrado no perigo que representa para a segurança alimentar a produção de biocombustíveis em grande escala.

Durante um congresso sobre energia renovável que terminou sexta-feira, Conrado Moreno, membro da Academia de Ciências de Cuba, afirmou que a modernização de 11 destilarias permitirá aumentar a produção de álcoois até 150 milhões de litros por ano, destinados basicamente à indústria de bebidas (rum) e farmacêutica. “Esse etanol não será usado como combustível”, disse Moreno, assegurando que “nunca houve uma produção grande em Cuba que apontasse para um trabalho nessa linha”. O governo cubano assinou em fevereiro um acordo com a Venezuela para a construção de 11 usinas produtoras de etanol e o desenvolvimento da produção de cana com esta finalidade no país sul-americano.

O embaixador venezuelano em Havana, Ali Rodríguez, explicou posteriormente que esse combustível responderá a uma demanda já existente na Venezuela, pois irá fornecer os 15% necessários para a mistura de gasolina com etanol para exportação e também para substituir a gasolina com chumbo que já não é mais produzida em seu país.
(Por Patricia Grogg, IPS, 31/05/2007)


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