Apesar de um domingo (27/05) dos mais frios em São Paulo, perto de 4 mil pessoas dirigiram-se às margens da represa de Guarapiranga para abraçá-la. O abraço simbólico é um evento de carinho para com um dos mais degradados mananciais da capital, e acontece pelo segundo ano consecutivo. Este ano, os protestos dão lugar aos projetos: “queremos ação”, diz Marussia Whately, coordenadora do Programa Mananciais do Instituto Socioambiental (ISA).
O início do processo pela retomada da vida na Guarapiranga aconteceu no ano passado com um seminário e um plano com 63 ações, desenhados por 160 pessoas de 17 organizações não-governamentais e do governo. O diagnóstico da situação está amplamente documentado em uma edição irreparável, onde informação, fotos e muito material cartográfico dispõem-se a traçar os caminhos para trazer de volta uma represa só conhecida por quem a freqüentava nos anos 70.
O abraço ocorreu ao meio-dia, em três pontos diferentes: Parque Ecológico, Solo Sagrado da Guarapiranga e Av. Robert Kennedy. Mas, desde às 8h, a organização delineava a romaria em um barco carregando a imagem da Senhora das Águas – o movimento foi encabeçada pelo Fórum em Defesa da Vida do Ângela. Na programação também houve o plantio de árvores e a limpeza do Solo Sagrado, com ato ecumênico; além de um show musical para os que estiveram do lado do Clube Santa Paula na Av. Robert Kennedy.
Além do Instituto Socioambiental e do Fórum em Defesa da Vida no Ângela, um total de 32 organizações estiveram envolvidas no abraço. Entre elas o Fórum da Agenda 21 e Educação Ambiental para a Sustentabilidade da Bacia da Guarapiranga, o Grupo de Escoteiros Almirante Tamandaré, a Igreja Messiânica - Solo Sagrado de Guarapiranga, o Instituto Padre Josimo, Paróquia Santo Eugenio de Mazenod e Paróquia Santos Mártires, Polis – Instituto de estudos, formação e assessoria em políticas sociais e Projeto Mais Verde.
O ano de 2006 teve o gosto de abraçar os 100 anos da Guarapiranga. Mas em 2007 o ato teve sabor de propostas bem articuladas. A principal ação de impacto será a remoção de ocupações ilegais, considerando a realocação de um contingente de cerca de 10 mil pessoas hoje vivendo no entorno da Guarapiranga, para local digno de moradia e de saneamento. O prefeito Gilberto Kassab esteve no evento e foi inquirido para melhorar o saneamento e a qualidade de vida nessa área altamente adensada (no total moram ali 1 milhão de paulistanos), e ajudar na proteção e expansão de suas áreas verdes. A despoluição para o aproveitamento do local como ponto importante de lazer na cidade é uma das metas de ação do conjunto de organizações e movimentos populares agindo no local.
Um placar instalado pelo Instituto Socioambiental prestou contas da agenda definida desde o ano passado: quem passou por lá pôde conferir o que já vem sendo feito na bacia da Guarapiranga e o que será feito nos próximos anos. Além de apontar os responsáveis, o prazo de execução das ações e quem efetivamente vem trabalhando para mudar a realidade de degradação da região e descaso com a qualidade de vida de seus habitantes.
A Guarapiranga é responsável pelo abastecimento de 4 milhões de paulistanos, a garantia da proteção de suas áreas verdes e a despoluição da represa, que pode ainda ser área de lazer de toda a população que bebe sua água e vive na bacia é fundamental para a sustentabilidade da Metrópole.
Mais informações sobre o movimento: http://www.mananciais.org.br
(Por Isabel Gnaccarini,
Envolverde, 31/05/2007)