O aumento da temperatura média do planeta poderá não só causar mudanças na saúde humana e no desenho das cidades, mas também gerar novas formas de cooperação e assistência entre países, afirmou o cientista argentino Osvaldo Canziani, em Hong Kong. "O novo sistema climático abre um sistema de colaboração e de assistência entre todos os países", declarou à Efe o acadêmico, durante uma conferência sobre mudança climática. "Uma alta de dois graus na temperatura média do planeta causará mudanças na produção agropecuária, com menor produção agrícola e de leite, além de mudanças na qualidade da carne. Haverá novos projetos nas cidades, para absorver maiores quantidades de água de chuva, e uma alteração nas doenças", afirmou.
No entanto, o aquecimento global "pode trazer consigo uma melhora das relações científicas e beneficiar o conhecimento dos países, com a América Latina podendo recuperar sua posição na área de pesquisa", previu Canziani. Para ele, o mundo está "chegando ao limite" no qual os efeitos derivados da poluição são mais custosos para a economia e a saúde que a implementação de programas ecológicos. Portanto, "as taxas por emissão de elementos poluentes na atmosfera vão ser adotadas, não há opções", afirmou.
O cientista, que participa da conferência "Agir sobre a mudança climática - Agora ou nunca", apresentou um estudo com ênfase na responsabilidade dos países em vias de desenvolvimento. Para Canziani, é preciso "iniciar medições efetivas" e acompanhar as mudanças ambientais. A conferência é uma iniciativa não-governamental organizada por um consórcio de instituições profissionais do meio ambiente e de engenharia. Ela começou na terça-feira, reunindo no Centro de Convenções e Exibições de Hong Kong cerca de 300 especialistas de 26 países e territórios.
(Efe, 31/05/2007)