RESERVA INDÍGENA MATOGROSSENSE AINDA ESTÁ SOB AMEAÇA
2001-11-07
Ainda é desolador o cenário deixado por sete anos de intensa exploração garimpeira e madeireira na Reserva Indígena Sararé (MT), onde habita hoje uma centena de índios nambikwára katitaurlu. No meio de crateras ainda encharcadas de mercúrio, a capoeira e as árvores pioneiras já começam a aparecer. Mas quase cinco anos depois que mais de 8 mil invasores foram expulsos da reserva, ainda se vê o estrago que eles fizeram. A desintrusão, que era uma exigência do Banco Mundial para que pudesse repassar recursos do Projeto de Desenvolvimento Agroambiental de Mato Grosso (Prodeagro), aconteceu em janeiro de 1997. Dentro da reserva, já estavam montadas verdadeiras cidades de lona preta, com toda a infra-estrutura para garantir o funcionamento de 200 dragas e atender aos garimpeiros em suas necessidades básicas. Na ocasião, técnicos do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) calcularam um prazo de 40 anos para que a natureza de Sararé se recuperasse. Córregos haviam sido assoreados, nascentes destruídas, rios contaminados e dois mil hectares de floresta derrubados. Até hoje, a Funai tem dificuldade de encontrar água potável para os índios. Os danos ambientais foram tão grandes, segundo o DNPM, que nem todo o ouro que havia na área pagaria um projeto de recuperação. (Diário de Cuiabá-6/11)