Em pesquisas, quase três quartos dos americanos dizem que haverão furacões mais fortes e em maior quantidade no mundo do aquecimento global. Em contraste, um pouco menos de um quarto está preocupado sobre o aumento das inundações costeiras. Mas quando se trata de consenso científico, mas pessoas estão confundindo as coisas.
Não há dúvidas que ao passo que o mundo esquenta, os oceanos irão subir, aumentando os riscos de inundações, simplesmente porque a água mais quente ocupa mais espaço. (E se os lençõis de gelo da Groenlândia e Antártida derreterem, o aumento derá ainda maior). Parece igualmente lógico que ao passo que o mundo esquenta, furacões serão mais freqüentes ou mais poderosos ou ambos, já que tiram sua força das águas mornas do oceano. Mas existe muito menos consenso sobre esta visão, em parte por conta de novas descobertas sobre outros fatores que podem trabalhar contra tempestades mais fortes e freqüentes.
Com a estação anual de furacões se aproximando no dia 1º de junho, uma pergunta a qual os meteorologistas podem responder rapidamente é óbvia: o que houve com a estação de furacões de 2006? Nenhum furacão atingiu os EUA no ano passado. Um persistente anticiclone nas Bermudas, extraordinariamente no Atlântico, e correntes de ar de um inesperado sistema El Niño, que se desenvolveu no Pacífico em agosto, diminuiu o potencial das tempestades de atingir o país.
Desta forma, ocorreram menos tempestades do que a média (nove ao invés de 11), cerca do mesmo número se tornaram furacões (cinco ao invés de seis) e, como em um ano qualquer, dois furacões com ventos de mais de 178km/h - categoria 3 na Escala de Furacões de Saffir-Simpson. Neste ano, não teremos tanta sorte, já que meteorologistas no Centro Nacional de Furacões disseram na semana passada que esperam 13 a 17 tempestades nesta estação, 7 a 10 delas furacões e três a cinco delas grandes tempestades.
A primeira das tempestades, Andrea, se formou na costa sudeste no meio de maio, mais de três semanas antes do início oficial da estação. Não importa o que acontecer neste ano, e apesar do debate sobre aquecimento global e furacões, existe um entendimento geral de que as Costas Leste e do Golfo poderão esperar grandes tempestades, possivelmente por décadas.
(Por Cornelia Dean, The New York Times, 29/05/2007)