Frente os avanços da mineração, a Pastoral Indígena Amazônica, após realizar um encontro para definir posições ante a exploração mineradora em grande escala (a céu aberto ou subterrânea) afirma que as comunidades próximas às mineradoras no Peru, na Bolívia, no Chile e em outras localidades, enfrentam cada vez mais problemas com a instalação dos grandes projetos.
Durante o encontro, realizado na semana passada, em Méndez, Equador, Gloria Chicaiza, da organização Ação Ecológica, disse, por exemplo, que as comunidades próximas às mineradoras tiveram limitado o acesso a alimentos (Guañuni, Bolívia) e aos bens da natureza, sofreram com graves conseqüências de saúde (as "crinaças do chumbo" no Peru) e, inclusive, foram deslocadas de seus territórios (El Carmen, Chile).
Acrescentou que a população empregada na atividade não superou suas precárias condições de vida, e mais, ela se viu envolvida em situações de violência e no qual o ambiente (flora e fauna) sofreu danos irreversíveis, como a contaminação tóxica de águas superficiais e subterrâneas, pois a mineração em grande escala conta com "tecnologia de ponta" para reduzir seus gastos de investimentos, mas não para reparar os danos naturais produzidos.
Chicaiza informou que no Equador há concessões de cerca de 4 milhões e 111 mil hectares de território, cifra que supera levemente a superfície designada para a mineradora no Peru em 1992 (4 milhões de hectares). Para 1997, as concessões no país vizinho alcançaram os 24 milhões de hectares.
Para Frank Lorinquias, membro da comunidade shuar em Pastaza, disse "não às mineradoras, nem as hidroelétricas, porque vão prejudicar o futuro de nossos filhos e netos; apesar de termos recursos econômicos agora, no futuro, não haverá esperança: não vai ter água, nem pesca, nem aves, nem bosques".
Para Cristina Antun, do Vicariato de Méndez (Morona Santiago), enquanto os países do norte restringem a chegada dos imigrantes, os representantes das companhias transnacionais "entram aqui porque está aberta a porta, mas eles têm que nos respeitar".
O Padre Juan de la Cruz Ribadeneira, membro da Equipe da Pastoral Indígena, deu eco a um manifesto divulgado recentemente por vários bispos de El Salvador e da Guatemala sobre o tema mineração na América Central: "já não podemos calar, já não podemos esperar mais porque vai ser muito tarde, temos que falar desse assunto com clareza, a partir da igreja".
No último 27 de março, o Ministro de Minas e Energia do Equador, o economista Alberto Acosta, anunciou a revisão de 681 concessões mineiras em produção (10,6 mil hectares), de um total de 4.112 concessões mineiras que foram outorgadas no país (2,8 milhões de hectares), segundo cálculos ministeriais.
Também empreendeu um processo chamado "diálogo mineiro", ante o qual várias comunidades do país - agrupadas na Coordenação Nacional em Defesa da Vida e a Soberania - colocaram condições prévias para sua participação, como a saída efetiva das empresas mineiras de seus territórios. Jorge Jurado, subsecretário de Minas, disse sobre a atividade mineira que "no momento só são cumpridos oito requisitos que são de forma, além do estudo de impacto ambiental quando se inicia a exploração".
Após a análise dos possíveis impactos que teria a exploração mineira na vida de várias comunidades equatorianas, assim como a desigualdade entre as forças presentes nesse conflito que afeta atualmente o país, a conclusão unânime ao finalizar a jornada foi a de apoiar de maneira incondicional as populações que se resistem a essa nova imposição do modelo extrativista, conhecido por seu caráter depredador da natureza, mostra do que são as atividades petroleiras e madeireiras, entre outras.
(Por Cristina Morales, Pastoral Indígena Amazônica /
Adital, 28/05/2007)