O advogado do fazendeiro Amantino Ferreira Mafra, proprietário da fazenda Amaraji, situada no município de Paragominas, contestou informação de que exista disputa de terras na área de mata fechada da propriedade, de mais de 2 mil hectares, como afirmou Vicente Carlos Peniche, que afirmou ser representante da Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Colônia Monte Sinai. As declarações de Peniche foram publicadas neste caderno, na última sexta-feira. Munido de documentos expedidos por diversos órgãos, entre eles Ibama, Incra e até a Procuradoria da República no Pará, o advogado Raphael Sampaio Vale esteve na redação de O LIBERAL e afirmou que um suposto conflito, ocorrido em outubro do ano passado e denunciado por Vicente Carlos, em verdade nunca ocorreu.
Rapahel Vale apresentou ainda documento assinado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Paragominas, Domingos Paz Luz, informando que nenhum dos nomes ligados à Associação Monte Sinai constam entre os trabalhadores ligados à entidade. O advogado acrescentou que a área que estaria sendo alvo da disputa trata-se, na verdade, da reserva legal da propriedade rural de Amantino Mafra, que também já foi reconhecida como produtiva pelo Incra e Ibama. Segundo ele, a intenção dos supostos trabalhadores rurais não é conseguir terra para produzir, mas sim o roubo e a comercialização da madeira nobre da área. 'Essa associação, na verdade não existe, porque não está registrado em lugar nenhum esse projeto Monte Sinai. Está claro que o interesse deles é retirar ilegalmente as madeiras de lei da área de reserva. Nunca teve trabalhador rural lá', afirmou.
O advogado anunciou que o dono da fazenda, Amantino Mafra, vai entrar com uma queixa-crime por calúnia e difamação contra Vicente Carlos Peniche e com um pedido de indenização por danos morais. 'Esse grupo é financiado por alguém. Já foi aberto, inclusive, um inquérito policial para investigar quem são os madeireiros ilegais que estão mantendo essas pessoas na área. Um grupo de 40 pessoas vai viver do quê no meio do mato? Pelo que sei, eles precisam de uma área aberta para poder trabalhar', comentou.
O advogado questionou a legitimidade da denúncia feita pelo líder da Associação Monte Sinai, já que o boletim de ocorrência da Seccional de Paragominas é datado de 22 de maio deste ano, mas relata fatos supostamente ocorridos no dia 21 de outubro do ano passado. De acordo com a declaração de Vicente Carlos, o caso não teria sido denunciado antes por medo de represálias por parte dos trabalhadores. Na ocorrência policial, o líder da entidade afirma que 100 famílias que viviam na área foram expulsas por 20 pistoleiros a mando do fazendeiro Amantino Mafra com violência, incluindo coronhadas e tentativas de estupro.
'Nós procuramos, em novembro de 2006, a Procuradoria da República, em Belém, que levantou informações sobre essas denúncias. A pedido da procuradora Tatiana Flores, o Incra emitiu um documento informando à procuradora que não existe proposta de assentamento ou destinação do imóvel do fazendeiro para reforma agrária na área e que o local está desocupado e sem tensão social. Acho que agora, porque nenhum órgão deu crédito às falsas denúncias, ele está buscando a Imprensa para tentar criar uma situação', afirmou Raphael. Outro absurdo, segundo o advogado, é a sobrevivência de 100 famílias dentro de uma área de mata virgem. 'Trabalhador precisa de terra, não de mata', argumentou.
(
O Liberal, 28/05/2007)