Ativistas do Greenpeace da Finlândia e Suécia bloquearam nesta segunda (28/05) a estrada que leva ao canteiro de obras de uma nova usina nuclear em Olkiluoto, oeste da Finlândia. O protesto é uma reação direta aos inúmeros problemas da obra, que já violou mais de mil vezes os padrões de segurança. “Olkiluoto 3 deveria ser muito mais seguro do que os reatores já existentes no local. No entanto, este, que seria o maior reator do mundo, está sendo construído com um cronograma apertado e por uma empresa desesperada em cortar custos e reduzir seu prejuízo. Os graves problemas de segurança aumentam os riscos de acidentes e falhas operacionais”, afirmou Martina Krüger, coordenadora da campanha de energia do Greenpeace.
O Greenpeace considera um desastre a construção do reator EPR em Olkiluoto. As promessas que a TVO, a empresa responsável pela construção do reator, fez à população e ao parlamento finlandeses tem se provado falsas. O Greenpeace exige que a TVO torne públicos os mais de mil problemas de qualidade reportados na obra, devolva ao governo os subsídios destinados ao projeto e abandone qualquer outro projeto nuclear. A TVO havia estimado que a construção do reator de 1600 megawatts custaria 2,5 bilhões de euros e levaria quatro anos. Hoje, os custos já superaram 4 bilhões de euros e a obra levará, no mínimo, seis anos. O projeto também não deveria ser subsidiado com dinheiro público, mas está sendo financiado por empréstimos de bancos públicos com taxas abaixo do mercado e dinheiro de contribuintes franceses e suecos. Por causa do atraso de seu cronograma irreal, Olkiluoto 3 não ajudará a Finlândia a atingir suas metas de Kyoto.
“O fato de Olkiluoto 3 estar nessa situação mostra claramente que a energia nuclear não é confiável e é muito mais cara do que havia sido prometido à população finlandesa. E Olkiluoto está sendo usado como argumento para promover a energia nuclear na Ásia , América do Sul e outros países europeus”, acrescentou Krüger. O Greenpeace publicou recentemente um levantamento dos problemas de segurança de Olkiluoto, feito por um especialista nuclear austríaco, Helmut Hirsch, que criticou o relaxamento na qualidade dos requisitos. O relatório também mostrou que há um alto risco que outros projetos nucleares apresentam riscos semelhantes aos de Olkiluoto.
Turquia livre de nuclear
Enquanto isso, na Turquia, após intensa campanha do Greenpeace contra a energia nuclear no país, o presidente da República Ahmet Necdet Sezer vetou na semana passada uma lei que forneceria amparo legal e financeiro para a construção e operação de usinas atômicas no país. A Turquia permanece assim sem nenhuma usina nuclear em operação.
(O Dia, 28/05/2007)