O Brasil aposta na Nigéria e na relação com o presidente eleito, Umara Yar'Adua, como forma de garantir o abastecimento de gás nos próximos anos, diante do comportamento da Bolívia. Até 2009, o fornecimento de gás nigeriano poderá superar a marca de 30 milhões de metros cúbicos por dia, volume suficiente para atender metade das necessidades das termoelétricas no Brasil. Yar'Adua terá seu primeiro encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana, durante a reunião do G-8 na Alemanha.
O presidente eleito da Nigéria já deixou claro que quer dar uma atenção especial ao Brasil e ter o País como um parceiro nos investimentos para a melhoria de infra-estrutura e no processo de industrialização.
Para a posse de Yar'Adua, o governo iria mandar o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau. Mas, com a Operação Navalha e a demissão do ministro, o governo indicou o embaixador Pedro Luiz Rodrigues como representante direto do Palácio do Planalto.
O principal motor do comércio entre a Nigéria e o Brasil é a Petrobrás, com importações de US$ 1,7 bilhão apenas de janeiro a abril deste ano. Além de reduzir a dependência do petróleo do Oriente Médio, o Brasil quer diversificar suas fontes de gás diante da crise com a Bolívia.
Pedro Luiz Rodrigues aponta, porém, que as relações não se limitam ao petróleo e gás. Trezentos ônibus fabricados no Brasil já circulam em Abuja desde o ano passado e conseguiram bater a concorrência dos veículos oferecidos pelos chineses. A Petrobrás também fornecerá nos próximos 12 meses etanol aos nigerianos, enquanto a Dedini poderá abrir a primeira usina de álcool no país africano. Os nigerianos acabam de introduzir uma lei que obriga a mistura de 10% de etanol à gasolina e terão o Brasil como principal fornecedor.
A Ocean Air também estuda a possibilidade de abrir uma linha entre Rio de Janeiro e Lagos, reduzindo o tempo de viagem entre os dois países para apenas seis horas. Hoje, é necessário viajar até a Europa, em um trajeto que dura 30 horas. No passado, a Varig já operou essa rota.
(Por Jamil Chade,
Estado de S. Paulo, 29/05/2007)