O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nessa segunda-feira (28/05) que o país precisa de novas usinas siderúrgicas. Segundo ele, "não podemos ver a China crescer e expandir sua produção. Não podemos ver a Vale [do Rio Doce] encher navios apenas de minério de ferro. Temos de vender produtos elaborados e semi-elaborados".
A afirmação foi feita durante o 20º Congresso Brasileiro de Siderurgia, que está ocorre entrendo ontem e quarta-feira em São Paulo.
"Acho que está na hora de termos uma usina no Maranhão. Além disso, precisamos resolver a questão da usina no Ceará", disse Lula referindo-se ao projeto Ceará Steel. Na semana passada, o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, afirmou que o projeto é "inviável".
Falando para empresários da área siderúrgica, Lula disse que o crescimento dessas empresas tem de ser pensado para toda a América do Sul. "Precisamos de parcerias com países da América do Sul para ampliar a produção de aço e atender não só a nossa demanda interna, mas também a de países que têm menor produção", afirmou.
Segundo Lula, as empresas brasileiras devem cada vez mais se expandir em outros países do mundo, se transformando em multinacionais. "Quanto mais bandeiras de empresas brasileiras existirem em outros países, mais teremos a prova inequívoca de que a economia brasileira pode ser uma das grandes mundiais", disse.
De acordo com o presidente, o Brasil deve permanecer atento para as oportunidades na África. Segundo Lula, o continente terá 1,3 bilhão de pessoas nos próximos anos. "Não podemos ficar esperando as oportunidades passarem pois, caso contrário, os chineses irão ocupar esse espaço", afirmou.
Lula disse também que espera contribuir para que as siderúrgicas vendam cada vez mais aço. "Sei que isso irá gerar não só crescimento, mas também emprego e renda para toda a população."
O presidente ressaltou que o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) será o grande consumidor de aço dos próximos anos.
Lula afirmou ainda que as queixas do setor dos últimos 20 anos não têm mais motivos para existirem. "Os setores automobilísticos e, principalmente, da construção civil, estão retomando crescimento devido ao esforço do governo para desonerar os segmentos."
O presidente do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), Luiz André Rico Vicente, que promoveu o evento, aproveitou para expor ao presidente Lula algumas preocupações do setor, como a elevada incidência de tributos, a burocracia em conseguir licenças ambientais e os problemas de logística, especialmente em ferrovias e portos.
O setor siderúrgico deve investir mais de US$ 15 bilhões nos próximos cinco anos no país, Isso deve elevar a produção nacional dos atuais 37 milhões para cerca de 50 milhões de toneladas. Além disso, segundo o o IBS, em 2015, a produção deve atingir entre 60 milhões e 70 milhões de toneladas.
(Por Márcio Rodrigues,
Folha Online, 28/05/2007)