SÃO PAULO – O presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), Walter Colli, refutou as acusações da pesquisadora Lia Giraldo da Silva Augusto, que até a semana passada era uma dos membros titulares do conselho do órgão, e decidiu se desligar por não concordar com os procedimentos da Comissão.
Segundo Lia, a CTNBio vive em conflito porque seus membros são especialistas em biotecnologia, e não em biossegurança. Isso favorece a liberação de transgênicos sem as precauções necessárias, como foi o caso da recente aprovação do milho geneticamente modificado da Bayer. Para ela, o Princípio da Precaução e da Incerteza não são acatados.
“Eu discordo. Eu não entendo a diferença entre especialistas de biotecnologia e os de biossegurança, porque quando se faz a análise de um, se faz de outro também”, diz Walter Colli. Segundo ele, a avaliação de risco é feita a todo o momento nos procedimentos de avaliação do órgão.
A pesquisadora critica a avaliação dos membros do conselho que, segundo ela, é baseada em documentos cedidos pelas próprias empresas que aguardam a aprovação de seus pedidos na Comissão. Quanto a isso, o presidente da CTNBio reconhece que é normal uma empresa entregar não só o pedido de aprovação do seu produto ao conselho, mas também uma série de referências científicas favoráveis.
“Mas temos espírito crítico para saber se uma referência é mentirosa ou verdadeira. Dizer que eu não sei ler um trabalho [acadêmico], me ofende. Recebemos sim inúmeros trabalhos, mas temos o direito de ir atrás para fazer uma avaliação própria”, afirma Colli. “Evidentemente eu não só acredito na isenção, como também conheço as pessoas [do conselho]. Lá estão os maiores especialistas de milho e de algodão”, diz.
Um episódio que causou polêmica foi a votação pela liberação da vacina transgênica para suínos contra a doença de Aujeski. À época, Lia e mais três membros votaram contra a vacina e argumentaram que apenas cinco países a usavam. A Comunidade Européia a rejeitava devido a normas da vigilância sanitária e o Brasil teria recomendações semelhantes. “Há 15 ou 20 anos os suínos são imunizados”, discorda o presidente da CTNBio. Walter Colli afirma que vacinas anteriores têm a desvantagem de que o vírus pode sofrer mutações. “Essa não sofre nunca. Ela é segura, seguríssima”, afirma.
(Por Natália Suzuki,
Agência Carta Maior, 25/05/2007)