Traçar medidas a fim de evitar desastres ecológicos na cidade é o objetivo do grupo formado por profissionais da área que começa a ser organizado pelo Ministério Público Estadual (MPE) em Pelotas. Reunião marcada para as 14h de hoje (28/5), no prédio do MPE, no Complexo Judiciário, com a presença do promotor de Improbidade Administrativa, Jaime Chatkin, e representantes de órgãos ligados às questões ambientais definirá medidas preventivas para combater e apurar acidentes como o que em janeiro deste ano matou 40 toneladas de peixes nos arroios Moreira e Fragata.
O encontro servirá, dentre outras coisas, para tratar da utilização dos arroios por parte das empresas que exploram água, esclarece o promotor. “Com a redução da quantidade de água falta oxigênio e os peixes morrem. Isto em geral ocorre no verão, no inverno não”, afirma Chatkin.
São esperados para a reunião, conforme correspondência enviada pelo MPE, representantes da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), do Departamento de Recursos Hídricos (DRH) de Porto Alegre, da Secretaria Municipal de Qualidade Ambiental (SQA), da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e do Conselho Municipal de Proteção Ambiental (Compam), entre outros.
Cenário desolador
No final de janeiro foram encontrados milhares de peixes mortos nos arroios Fragata e Moreira, entre os municípios de Capão do Leão e Pelotas. A maior concentração apareceu numa pequena lagoa artificial - em área particular - onde deságua o arroio Moreira. Inicialmente acreditava-se que eram 12 toneladas de animais mortos. O trabalho para a retirada dos restos de peixes mortos levou três dias para ser concluído e no final foi constatado que eram 40 toneladas.
Para apurar as causas da mortandade, técnicos da Fepam e policiais da 3ª Companhia Ambiental da Brigada Militar vistoriaram indústrias e propriedades rurais próximas ao local do desastre. O laudo da Fepam apontou que a morte dos peixes foi causado por um fenômeno natural.
A justificativa dada pela Fepam indicou que ao fugirem da salinização das águas do canal São Gonçalo os cardumes teriam ingressado no arroio Moreira e alcançado a lagoa artificial, aberta para lavra de areia e onde teriam começado a morrer.
Para os técnicos da Fepam e da Secretaria Estadual do Meio ambiente (Sema), o fato de as comportas da eclusa do canal São Gonçalo permanecerem fechadas durante a noite pode ter contribuído para direcionar os cardumes ao arroio Moreira, caso contrário, parte dos peixes poderia ter seguido rumo à lagoa Mirim, escapando da morte.
Alguns ecologistas, no entanto, defendem que o nível de detritos industrias na água e o desvio do líquido para a irrigação de lavouras também seriam fatores responsáveis pelo incidente.
(Por Ivelise Alves Nunes, Diário Popular, 28/05/2007)