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tigres indianos
2007-05-28

A Índia, lar de metade dos tigres em liberdade do mundo, avisou que a caça furtiva e a destruição de seu habitat natural diminuíram vertiginosamente o número destes felinos nos últimos cinco anos. É o que revelam os dados parciais do último censo - os finais serão divulgados em dezembro -, que, segundo advertiram nesta sexta-feira (25/05) especialistas, não deixam dúvidas: é imprescindível fazer algo ou, em pouco tempo, um dos animais que mais orgulham a Índia será história.

Encomendado pelo governo, o estudo revelou que, dos 1.233 animais recenseados em 2002, em 16 reservas de quatro grandes Estados do centro e do oeste da Índia, atualmente restam apenas 490, o que representa uma diminuição de mais de 60% em menos de cinco anos. "Estes dados deveriam despertar as autoridades", denunciou o responsável de projetos da Sociedade para a Proteção da Vida Selvagem da Índia (WPSI), Tito Joseph, que reivindicou a implementação de um "departamento de controle dos crimes contra a natureza".

Por trás do desaparecimento dos tigres está o incontrolável avanço da presença do homem, que representa a destruição do habitat natural dos animais, e, principalmente, a atividade dos caçadores furtivos, que nos últimos anos mataram 529 destes felinos, segundo a WPSI. A maioria dos tigres capturados ilegalmente terminam na China, onde um animal destes pode alcançar preços astronômicos no mercado negro, em virtude do altíssimo valor de suas peles e das supostas propriedades terapêuticas de algumas de suas partes.

Com ou sem comércio, é cada vez menor o número de grandes felinos, e eles desaparecem a um ritmo cada vez maior, segundo o censo do Instituto de Vida Selvagem da Índia (WII), que adverte para uma situação especialmente crítica nas regiões de Madhya Pradesh e Chhattisgarh. Na primeira região, dos 710 tigres que havia em 2002, restam somente 276, enquanto na segunda, a quantidade destes animais passou de 227 para apenas 26.

Em Maharashtra, há 102 tigres, frente aos 238 que haviam sido registrados há cinco anos, ao tempo que na região do Rajastão, o número passou de 58 para 32, segundo o censo coordenado pelo WII. O primeiro censo de tigres da história da Índia foi realizado em 1960, por uma organização ambientalista não-governamental, que apontou que havia cerca de 1.800 felinos deste tipo no país.

Em 1973, outra pesquisa, elaborada pelo Projeto Tigre, organismo criado para a proteção destes animais, elevou o número para mais de 1.800, e desde então a população cresceu até alcançar 3.700 em 2002, de acordo com o WII. Diante da nova situação, alguns ecologistas propuseram a criação de um corpo de Polícia dedicado apenas a cuidar do bem-estar destes animais, enquanto outros, como o vice-presidente da Fundação para a Fauna e a Flora da Índia, Ashok Kumar, insistem na importância de conscientizar a população.

Kumar falou sobre os envenenamentos de tigres por parte de alguns camponeses, que pretendem evitar que eles ataquem seu gado. Neste caso, o vice-presidente da Fundação propôs o oferecimento de compensações econômicas pelo gado perdido, e o reforço das patrulhas de vigilância. Em meio à indignação dos ecologistas, o Ministério do Meio Ambiente respondeu que o relatório ainda não é definitivo, o que não acalmou os ânimos. "O governo deve atuar rapidamente, ou leremos sobre os tigres em nossos livros de história", alertou Kumar.
(Efe, 25/05/2007)


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