A decisão do governo Evo Morales de nacionalizar as reservas naturais da Bolívia abriu uma “janela de oportunidades” para a Petrobras desenvolver o mercado interno de gás natural. A avaliação é do professor Alexandre Sklo, da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
O desafio colocado para a Petrobras vai acabar por beneficiar o país, na opinião dele. “Essa idéia de certa forma é quase como se estivéssemos parafraseando o pensamento de Adam Smith, segundo o qual ‘a necessidade é a mãe das invenções’”, comparou o especialista, que atua no Programa de Planejamento Energético da Coppe.
Para ele, a situação impôs a necessidade de “enfrentar desafios, antecipar decisões e solucionar os problemas”. Fez com que o Brasil “passasse a procurar mais gás não- associado, a querer desenvolver mais campos dentro do país, perceber que deveria aproveitar melhor o gás aqui existente”.
O gás associado é explorado e produzido no mesmo campo que o petróleo, por isso precisa passar por um processo de separação.
Para o professor da UFRJ, a Petrobras tem um bom quadro técnico e, ao ter que antecipar problemas decorrentes da crescente demanda por gás natural no país, saberá encontrar soluções. A partir da crise com a Bolívia, diz, a Petrobras passou a estudar meios de aproveitar “cerca de 7 milhões de metros cúbicos de gás natural associado ao petróleo”, ao invés de queimá-lo “por falta de condições de aproveitamento”.
Um determinado volume de gás é queimado diariamente por dificuldade de transporte. Isso ocorre em alguns campos localizados em águas profundas. A estatal, no entanto, não divulga o volume.
(Por Nielmar de Oliveira,
Agência Brasil, 26/05/2007