MP DENUNCIARÁ SHELL POR CONTAMINAÇÃO
2001-11-07
O Ministério Público de Paulínia vai mover uma ação civil pública, com pedido de liminar, contra a Shell para que a empresa pague a remoção e o tratamento de saúde dos 200 moradores do bairro Recanto dos Pássaros, contaminado por pesticidas. A ação será movida caso a empresa não assine, até as 16h30 de amanhã, um documento assumindo a culpa pela contaminação dos moradores. O prazo venceu hoje, no mesmo horário, mas somente às 17h10 a Shell recebeu da Promotoria uma cópia do parecer para ser analisado. O promotor do Meio Ambiente de Paulínia (17 km de Campinas), Jorge Alberto Mamede Masseran, disse hoje que o Ministério Público tem todas as provas que precisa para mover a ação. -O parecer técnico do perito da Promotoria me forneceu a prova que eu precisava: encontrar um nexo entre os produtos fabricados pela Shell e o problema de saúde dos moradores, afirmou o promotor. A conclusão do parecer técnico foi lida hoje pela manhã para representantes da Shell, da prefeitura e moradores do bairro, durante audiência pública convocada pela Promotoria. Segundo elaborada pelo Departamento Jurídico da Prefeitura de Paulínia. -A contaminação provocada pela Shell já causou danos irreparáveis à cidade e afastou investimentos, disse o secretário municipal do Meio Ambiente, Washington Soares. A advogada da Shell Ângela Bastos disse que a empresa vai analisar o laudo, mas não vai assiná-lo. -A Shell vai se defender na Justiça, disse. Hoje, a Shell voltou atrás e anunciou que vai continua a negociação de compra e venda das chácaras do Recanto dos Pássaros. O bairro tem 66 chácaras. De acordo com o perito do Ministério Público, Hélio Lopes, o parecer técnico foi feito com base na análise dos relatórios ambientais da empresa de consultoria ERM patrocinados pela Shell, no relatório sobre a saúde dos moradores elaborado pela Vigilância Sanitária de Paulínia e nas análises laboratoriais do Ceatox (Centro de Análises Toxicológicas) da Unesp (Universidade Estadual Paulista), de Botucatu (SP). O relatório médico apontou contaminação crônica em 88 pessoas, das 181 avaliadas. (Agência Folha)