(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
ecologia profunda / concreta André do Eirado Silva ambientalistas
2007-05-28
A Ecologia Profunda pode ser vista a partir da origem e evolução dos conceitos relacionados à subjetividade. Na avaliação do professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) André do Eirado Silva, psicólogo, mestre e doutor em Filosofia, a reconversão de uma subjetividade isolada e materializada para uma outra, conectada à natureza, é essencial para que a chamada deep ecology seja realmente praticável. “A subjetividade deve ser trabalhada para que se possa ter um real avanço nas relações ecológicas”, afirmou o professor, que compôs a mesa do painel sobre Ecologia Profunda ao lado do Lama Santem (professor Alfredo Aveline), dentro da programação da Semana Nacional da Mata Atlântica, na última quarta-feira (23/05).

De acordo com Silva, a subjetividade atual, marcada pelo individualismo e pela falta de capacidade da compreensão do outro – e, portanto, da natureza – tem origens no século 17, quando se desenvolve a idéia de um mundo externo estranho às experiências internas do sujeito. “A filosofia do cogito de Descartes tende a fazer a certeza a respeito do conhecimento recair unicamente sobre a certeza do sujeito. Em relação a uma tradição mais antiga – na qual a filosofia está vinculada à idéia de ser e na qual o mundo e o sujeito perfazem uma unidade –, a filosofia do cogito isola o sujeito do mundo de uma maneira muito específica, não atribuindo valor existencial objetivo, ou seja, valor de verdade ou validade à experiência”, atesta o professor.

Esse processo, diz Silva, é o início de um pensamento voltado à individualização do sujeito. As experiências subjetivas ficam desvinculadas do mundo. O discurso válido é o racional e o experimental. “Por exemplo, uma árvore existe para a subjetividade, mas para o pensamento objetivo, existe apenas o vegetal, as folhas, as raízes, o funcionamento do sistema biológico. Isso cria um distanciamento, os componentes sensoriais e afetivos são separados da própria realidade existencial”, explica.  A natureza, dentro da visão cartesiana, é apenas um meio de produção de bens de consumo. “Como a experiência é rejeitada enquanto verdade, ela não dá o ser, mas o indivíduo é que precisa construir os bens que vai consumir”, afirma.

Estratégias ecológicas
A ecologia profunda, segundo o psicólogo, nunca deixou de existir, “pelo menos não no sentido fundamental de que a experiência e o conhecimento do mundo são a mesma coisa”. Silva refere-se a estratégias ecológicas como uma “medicina do espírito”, como uma forma de resgatar a ligação íntima, intrínseca do indivíduo com o meio natural. Para ele, a ecologia, antes de ter um estatuto científico, de ser concebida dentro do utilitarismo da engenharia, deveria ser a ciência do cuidado. “Haveria mais efetividade nas nossas ações se a ecologia atuasse na relação homem-natureza no sentido afetivo, e não apenas na relação disciplinar”, propõe.

Compulsão
    O processo de individualização da consciência iniciado com o cartesianismo, diz o professor, acelerou-se após a Segunda Guerra Mundial, levando as pessoas ao narcisismo e à compulsão. Esse perfil compulsivo tem relação com uma série de doenças. “Não pensamos antes de responder a estímulos, desenvolvemos uma grande adição, relacionada ao mesmo caso dos drogados. Somos adictos do consumo, ele virou um vício para nós”, argumenta. “Esse consumo é o resultado a configurações da nossa natureza, como o isolamento. Como não há uma natureza com valor em si, também não há outro humano. A violência faz parte deste desastre ecológico”, nota.

    Um dos sintomas do isolamento e da falta de valorização do conhecimento intuitivo, subjetivo, está num fato cultural. “As pessoas, hoje, compram livros e revistas para aprender como decorar a casa, como criar os filhos, como se alimentar. Isso mostra o quanto o saber da experiência está deixando de ser validado”, comenta Silva, acrescentando que “os saberes que se constituem são muito esotéricos, e não educativos, pois propõem apenas a remendar, a pôr curativo, ao invés de atacar as causas dos problemas”.

(Por Cláudia Viegas, AmbienteJÁ, 25/05/2007)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -