Um novo relatório da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) traça a relação entre os métodos industriais de produção de animais e as causas da pobreza no mundo. “
Pecuária Industrial – Parte do Problema da Pobreza”, que está sendo divulgado desde a semana passada, demonstra que a crueldade e os custos ocultos da pecuária industrial resultam em más condições de vida e perda da subsistência das pessoas que vivem nos países em desenvolvimento e dependem da criação de animais para sua sobrevivência.
A WSPA acredita que a maioria das práticas de pecuária industrial não só causa sofrimento aos animais, como é uma das causas da pobreza e da fome nos países em desenvolvimento. O relatório, escrito por Janice Cox, especialista em bem-estar animal, aponta as conseqüências devastadoras da pecuária industrial, que incluem:
- Colocação de pequenos fazendeiros fora dos negócios;
- Destruição de comunidades rurais;
- Uso ineficiente de terra e água aplicadas na criação de pasto para consumo do gado. A pecuária industrial requer muitos quilos de grãos, que poderiam ser usados no consumo humano para produzir um quilo de carne;
- Criação de unidades de produção de carne em larga escala que estão sujeitas a doenças;
Uma carta pedindo providências sobre o assunto está sendo enviada pela WSPA para mais de mil pessoas-chave, incluindo governos e organizações parceiras.
A preocupação da WSPA é que práticas de pecuária em menor escala, que em geral são melhores em termos de bem-estar animal e suprem comunidades mais pobres, estão perdendo terreno. O Brasil se tornou o terceiro maior produtor de aves do mundo, quase todo gerido por grandes corporações. Parte do resultado disso é que em apenas um ano mais de 20 mil famílias foram obrigadas a deixar as áreas rurais.
A China é hoje o maior produtor do mundo de carne de porco, de vaca e também de ovos. Além disso, esse país está passando das fazendas tradicionais para produtores industriais mais amplos. No entanto, a pobreza nas zonas rurais ainda está presente em muitas áreas.
Paul Rainger, chefe do programa de animais de produção da WSPA, disse: “É hora de os governos tentarem resolver os problemas de pecuária industrial, antes que mais comunidades desapareçam e mais animais sofram”. Na Europa, os efeitos prejudiciais da pecuária industrial já foram sentidos. A tendência é o continente se voltar para um futuro mais sustentável.
Rainger concluiu: “Acreditamos que a pecuária industrial é uma das causas principais da fome e da pobreza no mundo de hoje. A menos que uma ação urgente seja tomada, a meta número um das Nações Unidas para o milênio, de reduzir tal prática pela metade até 2015, nunca será alcançada. Se mudássemos apenas 10% a 15% da produção mundial de cereal para consumo animal para safras destinadas ao consumo humano, haveria um grande impacto na fome do mundo”.
A cópia em português do relatório “Pecuária Industrial – Parte do Problema da Pobreza”, está disponível no site www.wspabrasil.org.
A WSPA também produziu uma série de panfletos sobre pecuária industrial em que são dados conselhos práticos e informações para consumidores sobre a criação de porco, gado, aves e produção de laticínios. Eles podem ser acessados, no original em inglês, em www.wspafarmwelfare.org/wspa_resources.html. A pecuária industrial é um sistema de criação de animais usando métodos de produção intensiva, que maximizam o volume produzido e diminuem custos. Exemplos: gaiolas empilhadas para galinhas poedeiras.
Sobre a WSPAA Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) é a maior federação de organizações de bem-estar animal, representando mais de 770 afiliadas em 147 países. Através de trabalhos de campo, campanhas, trabalho legislativo, educação e programas de treinamento, a WSPA luta para criar um mundo onde o bem-estar animal tenha importância e a crueldade para com os animais tenha fim.
Para mais informações, entre em contato com Bernardo Torrico pelo e-mail btorrico@wspabr.org.
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Jornal do Meio Ambiente, 21/05/2007)