Depois de quase 40 horas de ocupação, representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Via Campesina e MST concordaram em deixar as instalações da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Os manifestantes aceitaram a proposta de reunião com representantes do Ministério das Minas e Energia e da diretoria da Eletronorte, nesta sexta-feira (25/05) na cidade de Tucuruí. Na próxima quarta-feira, os integrantes do MAB serão recebidos em Brasília no Ministério das Minas e Energia.
De acordo com o líder nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Roquevan Alves Silva, os manifestantes saíram "pacificamente" por volta das 19h30. A Eletronorte cedeu veículos para transportar até suas residências os 200 manifestantes que ocupavam suas instalações por mais de 36 horas. "O acordo não foi bom, mas pode ser melhor durante a reunião com os representantes do governo", disse Silva. A usina havia sido invadida por cerca de 600 pessoas na última quarta-feira.
"Precisamos saber o que motivou esta ocupação, entender as razões para isso ter acontecido, uma vez que existia um processo de discussão e solução de problemas em andamento, ainda que pudesse existir algum tipo de atraso", informou o secretário nacional da ação social da Secretaria Geral, Wagner Caetano. "Não há compromisso que não estivesse em execução", comentou ele. As conversas serão realizadas com os integrantes do MAB, dentro da pauta que está em atendimento pelo governo para este grupo.
Os manifestantes reivindicam o pagamento de indenização às famílias desalojadas para construção da hidrelétrica há 23 anos, bem como melhorias na educação, saúde, pavimentação de estradas e até a redução da tarifa de energia elétrica cobrada no Pará por uma empresa particular, a Rede Celpa.
Ontem, o governo havia suspenso as negociações, diante da insistência do MAB em permanecer na sala de operações da usina com cerca de 40 pessoas, além de outras 80 no auditório da usina. O Exército chegou à usina ainda na última quarta-feira para cumprir mandado de reintegração de posse, determinado pela Justiça. Os próprios militares estavam conversando com os invasores, diante da saída da mesa de negociações do governo federal, antes de receberem o sinal verde para desocuparem a área.
(Por Carlos Mendes e Tânia Monteiro,
Estadão, 24/05/2007)