Os furacões nos últimos cinco mil anos parecem ter sido controlados mais pelo El Niño e pelas monções africanas do que pela superfície quente dos mares, um dos efeitos do aquecimento global, disseram pesquisadores na quarta-feira (23/05). O estudo publicado na revista Nature entra no debate sobre se o mar aquecido pelas emissões de gases do efeito estufa levam a mais furacões violentos, como os que atingiram o golfo do México em 2005.
Neste ano, o Painel Integovernamental da ONU - Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas disse ser provável que os humanos contribuam com uma tendência de furacões cada vez mais intensos. Furacões fortes foram frequentes no Atlântico Oeste durante épocas de El Niños fracos ou de monções fortes na África Ocidental, mesmo quando os mares locais estavam mais frios que agora, segundo o estudo.
"Temperaturas da superfície marinha tão quentes quanto no presente aparentemente não são um requisito para uma intensidade maior na atividade de furacões", diz o estudo, de autoria de Jeffrey Donnelly, do Instituto Oceanográfico Woods Hole. Intensos furacões chegaram ao continente durante a metade final da Pequena Era Glacial, um período de resfriamento que ocorreu aproximadamente entre o século 14 e meados do século 19, segundo ele.
Donnelly retirou amostras dos sedimentos de lagos costeiros em Porto Rico para determinar a freqüência e a força dos furacões que atingiram aquela ilha do Caribe ao longo dos milênios. As tempestades agitavam poeira e outras partículas que acabavam depositadas nos lagos. Ele comparou os depósitos com os registros paleoclimatológicos históricos para determinar que as tempestades ocorreram em períodos em que o El Niño (provocado pelo aquecimento natural da superfície no leste do Pacífico) era fraco e as monções da África Ocidental eram fortes.
Furacões intensos ocorreram quando as temperaturas da superfície do mar local eram altas ou baixas. Na verdade, "o Caribe experimentou um intervalo relativamente ativo de furacões intensos durante mais de um milênio, quando a superfície do mar local estava em média muito mais fria do que modernamente", disse o estudo. Mudanças na intensidade dos furacões devem ser mais bem previstas com mais estudos sobre os padrões climáticos do leste do Pacífico e da África Ocidental, segundo o estudo.
(Reuters/ JB Online, 24/05/2007)