Integrantes do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e da Via Campesina invadiram ontem (23/5) as instalações da usina hidrelétrica de Tucuruí (300 km ao sul de Belém), no Pará. O Comando Militar da Amazônia, do Exército, foi acionado e mantém uma tropa em alerta na região.
Segundo a Polícia Militar, participam do protesto pelo menos 600 pessoas dentro da usina. Houve conflito entre policiais e manifestantes. Aildo Ferreira Gonçalves, 30, foi ferido no pescoço por balas de borracha, segundo o movimento. Um reforço do COE (Comando de Operações de Especiais) da PM chegou hoje à tarde à cidade.
Até o início da noite de ontem, havia 120 pessoas dentro da sala de comando da usina, segundo o movimento. Pouco depois, os manifestantes saíram da sala, mas não abandonaram a usina.
Segundo a Eletronorte (subsidiária da Eletrobrás), responsável pela usina, as operações transcorriam normalmente, com demanda de 4.810 MW a 5.700 MW.
Em comunicado, o MAB disse que os integrantes do movimento pedem indenização e 100 KW gratuitos para 32 mil pessoas que moravam nas áreas que foram inundadas pela barragem de Tucuruí, entre outras reivindicações. A ação faz parte da "jornada de lutas" nacional que reúne movimentos como o MST.
A coordenadora do MAB Euvanice de Jesus Furtado, 26, disse que nove caminhões começaram a transportar os manifestantes por volta das 3h da madrugada de ontem.
O percurso entre a sede de Tucuruí até a usina é de 15 km. Ela disse que, faltando 5 km, uma tropa da Polícia Militar bloqueou a passagem dos caminhões. Às 6h os manifestantes invadiram as instalações da usina, inclusive a sala de comando, que teve vidros quebrados.
"Os policiais começaram a atirar para impedir nosso movimento, que era pacífico, então decidimos ocupar a usina até que venha uma comissão do Ministério de Minas Energia e da Casa Civil da Presidência conversar conosco aqui dentro da usina", afirmou Euvanice Furtado. Até a conclusão desta edição a negociação não tinha sido concluída.
A Polícia Militar de Tucuruí disse que está fora das instalações da usina e não se pronunciou sobre o conflito com os manifestantes, no início da invasão.
O MAB também bloqueou uma rodovia que passa em cima da barragem. Ela foi liberada às 19h20.
(Por Kátia Brasil,
Folha Online, 23/05/2007)