Uma longa marcha com cerca de mil pessoas ocupou ontem (23/5), durante três horas, o canteiro de obras da Usina Foz do Chapecó, em Águas de Chapecó. A mobilização organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) integrou o Dia Nacional de Paralisações, que teve o apoio de outros movimentos da Via Campesina.
Os trabalhadores que estão construindo a barragem no Rio Uruguai tiveram de interromper as atividades. A obra, que terá investimento de R$ 2 bilhões, deve gerar energia a partir de outubro de 2010. A potência instalada é de 855 megawatts, o que representa 25% da demanda de energia elétrica de SC.
O MAB reivindica um acordo com as 3 mil famílias atingidas pela obra, em seis municípios catarinenses e sete gaúchos. De acordo com Pedro Melchiors, da direção estadual do movimento, o Consórcio Energético Foz do Chapecó não reconhece algumas famílias atingidas.
- Cerca de mil famílias podem ficar sem indenização.
O MAB quer o assentamento de 700 famílias até dezembro de 2007 e de 1,8 mil até dezembro de 2008. Melchiors disse que, até agora, o consórcio indenizou apenas 70 famílias do canteiro de obras e não reconheceu outras 30 famílias, que eram filhos de agricultores ou trabalhavam na área. Mauro Bremm, que mora perto do canteiro de obras, disse que a empresa ainda não apresentou áreas para reassentamento das famílias que terão de se mudar, cujo prazo vence amanhã. Bremm disse também que as famílias que moram nas proximidades sofrem com o barulho das detonações.
Ministro vai a Chapecó para tratar situação de pescadoresIdelino Vassoler, de Caxambu do Sul, tem três hectares onde moram cinco pessoas e não sabe qual será seu futuro nem quanto vai receber pela indenização. Ele quer garantia de uma boa área de terra. O mesmo pede Angelina Zancanaro, que mora em Goio-Ên, Chapecó.
Amanhã, o MAB deve ter audiências no Ministério das Minas e Energia. No sábado, o Secretário Especial de Aquicultura e Pesca, Altemir Gregolin, estará em Chapecó para discutir a situação dos pescadores do Rio Uruguai, que também serão atingidos pelo lago.
O Consórcio Energético Foz do Chapecó emitiu nota na qual afirma que mantém diálogo com o MAB e que não havia motivo para a invasão. O cronograma está sendo cumprido e os atingidos terão sua situação resolvida antes do enchimento do reservatório, em 2010, diz a nota.
(Por Darci Debona,
Diário Catariense, 24/05/2007)