A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Paraguai, no início da semana, reacendeu a discussão sobre o Tratado de Itaipu, depois que o presidente do país, Nicanor Duarte, pediu a revisão dos termos do tratado.
“Itaipu é a carta de apresentação da nossa relação bilateral. Mais cedo ou mais tarde, será preciso buscar acordos políticos e econômicos para começar a revisar o tratado, buscando mais justiça e igualdade para os nosso povos", destacou Duarte.
Lula afirmou, no entanto, durante a visita, que não há intenção do governo brasileiro de revisar os termos do acordo da hidrelétrica.
O acordo que resultou na construção da hidrelétrica de Itaipu foi firmado na década de 1960, depois de várias discussões entre os governos brasileiro e paraguaio. O empreendimento, feito em parceria entre os dois países, é a maior hidrelétrica do mundo em operação.
O professor de física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Pinguelli, disse que o tratado está sendo cumprido, mas que acha justo o país vizinho pedir uma revisão. “Não acho injusto o Paraguai pedir revisão no acordo. Se ele tem novas idéias para implementar no projeto, o governo brasileiro pode analisar”, destacou em entrevista à Radiobrás.
O professor lembrou que na época da construção, o Brasil praticamente “bancou todo o investimento” e que hoje cada país tem direito a 50% da usina. Com relação ao gasto de energia, o Paraguai, segundo Pinguelli, gasta apenas 5% de sua parte, e o Brasil acaba comprando os 45% restantes. “O preço que pagamos pela energia de posse do Paraguai é razoável, mas o país vizinho acaba se beneficiando”, acrescentou.
Questionado sobre a construção de outras hidrelétricas, como os projetos no Rio Madeira, Pinguelli explicou que apenas 25% do potencial energético do país são utilizados e que muita coisa ainda pode ser feita.
“Sou, sim, a favor da construção de outras usinas hidrelétricas ou de outras formas de se gerar energia, desde que as regras ambientais não sejam desrespeitadas. Acho que estamos vivendo uma burrice só, tanto o governo quanto a elite brasileira. Esse projeto do rio Madeira deve ser discutido técnica e politicamente. Defendo a posição da ministra Marina e do Ibama, ele realmente devem ser rigorosos”, afirmou o professor da UFRJ.
(Por Juliane Sacerdote,
Agência Brasil, 24/05/2007)