Criação de Unidade de Conservação pode cancelar hidrelétrica de Pai-Querê
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2007-05-24
O ambientalista Alexandre Krob, da ONG Curicaca, do Rio Grande do Sul, revelou ontem (23/05) durante a abertura da Semana da Mata Atlântica em Porto Alegre, que o Ministério do Meio Ambiente estuda a possibilidade de suspender a hidrelétrica de Pai-Querê, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Para isto acontecer basta o ministério aceitar a proposta dos ambientalistas de criação de uma Unidade de Conservação na região, o que impossibilitaria a construção do empreendimento.
Krob explica que, ao propor a UC para a região, automaticamente a hidrelétrica fica proibida de ser construída. A região proposta pela ONG vai do limite da hidrelétrica de Barra Grande até os Parques Nacionais de Aparados da Serra e São Joaquim, em Santa Catarina. O ambientalista explica os motivos. "Em primeiro lugar porque é muito importante manter preservada a biodiversidade da região e, em segundo lugar porque o processo de licenciamento da usina é uma 'palhaçada', assim como foi a de Barra Grande".
Pai-Querê fica ao lado da UHE Barra Grande onde foram afogados mais de seis mil hectares de florestas, com base em um EIA-RIMA fraudulento. Se for liberada, estima-se que Pai Querê pode inundar quase quatro mil hectares de florestas. "Segundo dados da própria Engevix, autora do EIA", lembra Krob.
Krob acredita que o cancelamento da usina seja possível porque o estudo de impacto de bacia proposto por um Termo de Ajuste de Conduta firmado em 2005 prevê a criação de uma unidade de conservação na região.
O Laboratório de Ictiologia do Departamento de Zoologia da UFRGS, em estudos do PROBIO do MMA, nos rios com corredeiras na região do Planalto das Araucárias, encontrou mais de uma dezena de espécies endêmicas, nos últimos cinco anos.
Ornitólogos da PUC assinalaram várias espécies raras para esta parte do rio Pelotas, com destaque ao gavião-de-penacho. Mastozoólogos da UFRGS assinalam para o local a presença de puma, jaguatirica, porco-do-mato, e espécies de veados, outros animais raros já não mais vistos na maior parte do RS.
(Por Carlos Matsubara, 23/05/2007)