Uma maior profissionalização das ONGs de reciclagem e uma determinação mais específica das exigências por parte da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) em relação ao trabalho de coleta de materiais recicláveis no município. Esta foi a cobrança da promotora de Defesa do Meio Ambiente, Solange Vicentin, em uma reunião envolvendo representantes de ambas as partes na terça-feira (22/05)
A promotora já havia se reunido com a CMTU no dia anterior para pedir a confecção de um plano de destinação de resíduos e implementação de um programa de reciclagem. ''É importante que haja esse plano inclusive para posteriormente podermos cobrar um gerenciamento do poder público'', justificou. Solange mencionou a existência de uma decisão judicial da 2 vara que obriga o município a ter a coleta seletiva, dentre outras coisas, e estipula inclusive uma multa diária para o não-cumprimento. ''Mas não é de nosso interesse multar. Nós queremos uma melhor organização, o que beneficiaria a todos'', explicou.
''Já existem regras, mas a relação que existe hoje é institucional'', reconheceu Fábio Reali, diretor de operações da CMTU. Nos próximos dias, o órgão deve formalizar as regras gerais e posturas para que as ONGs possam se adequar.
De acordo com Reali, o município conseguiu R$ 800 mil da Fundação Banco do Brasil para a construção de 16 barracões, que serão cedidos por regime de comodato para as cerca de 30 ONGs atuantes na cidade. ''Além disso, nós também pagamos aluguel para várias ONGs, além de fornecer uniformes, sacos de lixo e caminhões para transporte, em um investimento de R$ 1,5 milhão ao ano'', relatou. Segundo o diretor da CMTU, Londrina é a cidade que mais recicla lixo no País, em um total de 110 toneladas por dia. Ele calcula que isso gere uma renda de R$ 250 mil por mês para as ONGs.
A Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) e o Sebrae fizeram junto às ONGs um levantamento dos pontos positivos e negativos do trabalho que é realizado hoje. Segundo o diretor Rogério Pena Chineze, o projeto apresenta propostas a curto, médio e longo prazo para aprimorar o serviço. ''Dentre os pontos fracos, verificamos que ainda falta estruturação, como falta de equipamentos, ONGs funcionando em fundos de vale, barracões inadequados'', relatou. A pesquisa apontava saídas como a busca de patrocínio de empresas e da Receita Federal para comprar os equipamentos.
Segundo Sandra Araújo Barroso Silva, presidente da Central de Prensagem e Vendas (Cepeve), que envolve 20 ONGs, os recicladores gostaram das propostas. ''Nós vimos que podemos nos organizar melhor até para conseguir melhores resultados daqui pra frente, e contar com o apoio da promotora, que é neutra'', declarou. A Cepeve já marcou uma reunião para sexta-feira às 15 horas para definir as propostas a serem apresentadas para a promotoria.
(Por Celso Pacheco,
Folha de Londrina, 23/05/2007)