No sábado (19/5), uma expedição formada por duas pessoas saiu de Caetés (MG) em direção ao Maranhão, com o propósito de investigar a poluição do ar doméstico causada por fogões a lenha. Segundo o coordenador do projeto, especialista em fogões e engenheiro florestal Rogério Miranda, o roteiro foi traçado com base em um trabalho da ONG Winrock, que identificou as regiões brasileiras onde há maior número de usuários de fogões a lenha e a carvão vegetal.
Miranda cita pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo a qual, de 45 milhões de domicílios, 42 milhões têm fogão a gás, 6 milhões têm fogão a lenha e 3,2 milhões, a carvão. 'Têm famílias que possuem até os três tipos de fogões.
A idéia da Winrock é reduzir o consumo de lenha para obter maior eficiência energética, eliminar a poluição do ar doméstico e ter preço mais acessível. 'Vamos trabalhar também com o fogão a álcool', diz Miranda.
Ele conta que a expedição vai visitar comunidades na Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí e Maranhão, onde mostrará modelos de fogões a lenha mais eficientes da Guatemala, Índia, China e Brasil. Miranda conta que os modelos a serem apresentados são modernos, com chaminé, gastam menos lenha, produzem menos fumaça e têm custo acessível, entre R$ 75 e R$ 300, em escala comercial.
Ao mesmo tempo, uma equipe de campo vai entrevistar 1.200 famílias no roteiro, para saber sobre a poluição do ar doméstico, além de entrar na cozinha, fotografar e descobrir o nível de exposição das pessoas à fumaça. De acordo com Miranda, a poluição por fumaça da lenha e do carvão é a oitava causa de mortes no mundo e a quarta causa nos países subdesenvolvidos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). 'Só no Brasil são 4.100 mortes anuais. Os dados estão no relatório da OMS. O País aparece na 37ª posição entre os 193 países e em primeiro na América Latina.'
AlternativaEm Minas Gerais, onde há tradição no uso de fogão a lenha, o Projeto Gaia está fazendo testes com fogões a álcool. Segundo a coordenadora do projeto no Brasil, Regina Couto, o objetivo é reduzir o uso do fogão a lenha por causa dos problemas de saúde causados pela fumaça, além de oferecer alternativa para os fogões a gás, para diminuir a emissão dos gases do efeito estufa.
Regina conta que foram instalados 80 fogões a álcool, de suas bocas, em residências de um assentamento na zona rural de Betim, na periferia de Salina e em Urucânia, neste caso, para famílias de funcionários da Usina de Jatiboca. Ela destaca como vantagens do fogão a álcool a segurança, a facilidade de manuseio, a possibilidade de comprar o álcool em pequenas quantidades e a rapidez no cozimento. 'As famílias economizaram de 20 a 30 minutos por dia na cozinha, em relação com o fogão a gás', diz. 'Um litro de álcool dura, em média, de 3 a 4 horas.'
(Por Beth Melo,
Estado de S. Paulo, 23/05/2007)