Na região do Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo, tradicional produtora de gado de corte, os produtores vêem a expansão da cana como uma oportunidade para se capitalizar. Basicamente, a experiência que tem dado certo é arrendar parte para a usina e continuar com parte da terra voltada para a pecuária.
“Com a renda extra obtida pelo arrendamento, os produtores estão investindo na produção de carne, melhorando a qualidade da pastagem e colocando mais cabeça por hectare”, explica o diretor do EDR de Presidente Venceslau, Clóvis Antônio de Alencar. A cana, confirma ele, é mais uma forma de receita na região.
Dos 420 hectares da fazenda do pecuarista José Olinto Cavalcanti, do município de Santo Anastácio, 60% foram transformados em canavial. “Bendita cana”, agradece o produtor.
Desde que fechou uma parceria com a usina, em 2004, Cavalcanti diz que conseguiu, finalmente, investir no gado. “Mudei o manejo, melhorei a qualidade da pastagem e do concentrado. O custo é maior, mas a produção é melhor”, diz. E mesmo reduzindo o rebanho em 20%, continua produzindo o mesmo que há três anos, em média 28 toneladas de carne por ano, graças ao uso de novas tecnologias.
Em Dracena, a previsão é que, dentro de 4 anos, cerca de 70% da área produtiva estejam ocupadas com cana. O agrônomo Sebastião Netto de Carvalho e Silva, responsável pela Casa de Agricultura local, também vê esta expansão como uma nova oportunidade de negócio para a região.
“O PIB agrícola do município dobrou nos últimos dois anos, graças ao crescimento do setor sucroalcooleiro”, destaca. Silva lembra que há 8 novas usinas em processo de instalação na região.
Experiência gaúcha
No Rio Grande do Sul, outra iniciativa confirma que é possível conciliar a produção de etanol e de alimentos. Um grupo de 150 pequenos produtores formaram a Cooperativa Mista de Produção e Comercialização de Biocombustíveis (Cooperbio) e, a princípio, devem produzir 500 litros de álcool por dia.
A idéia, explica o presidente da cooperativa, Romário Rosseto, é que cada produtor dedique apenas 2 hectares para o plantio de cana. No restante da propriedade - que é em média de 15 hectares - cada família continuará produzindo leite, milho, frango e outras culturas. A primeira safra de cana começará a ser colhida em julho. Mas a comercialização já está garantida. A cooperativa assinou no início do mês um protocolo de intenções para fornecimento de álcool com a Petrobrás.
(
Estado de S. Paulo, 23/05/2007)