Em São Paulo, que concentra mais de 50% dos plantios de cana, o assunto causa polêmica principalmente onde há pequenas propriedades. 'Há uma pressão visível', defende o agrônomo Odracyr Capone, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati). Capone afirma que dos 330 mil agricultores paulistas, cerca de 160 mil são familiares - com renda de até R$ 80 mil por ano. 'Eles são responsáveis por quase 70% da produção de alimentos.'
No município de Junqueirópolis, as terras vizinhas às de José Guelfi, antes pasto, estão virando canaviais. 'Estou ilhado', lamenta, não sem razão. Como sugerido pelos técnicos, Guelfi ocupou os seus 9 hectares com produção diversificada e consegue tirar R$ 20 mil por ano só com a acerola, sua principal cultura. Tem ainda café, urucum e, recentemente, começou o plantio de seringueiras.
Como está a apenas 10 metros do vizinho, o herbicida usado na cana está afetando o seu pomar. 'A usina não tem a distância mínima de 800 metros', denuncia. Mesmo desanimado, não vai ceder. 'A usina pagaria em torno de R$ 500 por mês de arrendamento.'
Outra preocupação na região é a falta de mão-de-obra, que, segundo o presidente da Associação dos Produtores Rurais de Junqueirópolis, Osvaldo Dias, já afeta culturas de tomate, algodão, café e a acerola, principal cultura do município.
(E
stado de S. Paulo, 23/05/2007)