A Suzano Papel e Celulose iniciou um projeto que vai permitir a um grupo de gráficas brasileiras obter a certificação florestal FSC, selo internacional que reconhece o uso correto das florestas para fins econômicos. Até então, apenas as grandes papeleiras tinham acesso a essa certificação.
A certificação das gráficas permitirá que mais produtos com o selo, como livros e embalagens, cheguem às mãos dos consumidores. 'O consumidor ganha a certeza de que aquele produto é feito com papel proveniente de áreas não degradadas', diz Gustavo Couto, gerente de marketing da Suzano Papel e Celulose.
O projeto de apoio à certificação da Suzano deverá incluir 32 gráficas e distribuidores até 2008. Vinte deles já deram início ao processo. São gráficas promocionais (que imprimem panfletos e materiais de divulgação), de embalagens e editoras. A Suzano arcará com os custos de capacitação e com o processo de certificação das empresas. Em média, uma certificação FSC custa R$ 40 mil, valor que varia conforme o porte da empresa. Segundo Couto, essa será também uma oportunidade para as gráficas trabalharem com o marketing socioambiental em seus produtos. ' Isso trará um diferencial para grandes clientes e nichos de mercado atentos à sustentabilidade', diz.
TendênciaUm dos principais objetivos do projeto é que as empresas se antecipem a uma tendência crescente entre consumidores de países desenvolvidos: a opção por produtos ecologicamente corretos. O movimento é ainda incipiente no Brasil. Em 2005, uma iniciativa pioneira foi posta em prática: o livro As Intermitências da Morte, de José Saramago, foi o primeiro livro brasileiro a vir com selo FSC. Para isso, toda a cadeia de produção do livro, da fabricante de papel à editora, passou pelo processo de certificação.
'Isso requer uma auditoria completa na empresa, e o selo só é concedido se ficar comprovado que critérios sociais e ambientais estão sendo bem atendidos', explica a diretora da FSC Brasil, Ana Yang.
O selo FSC - sigla em inglês para Conselho de Manejo Florestal, organismo internacional que atesta que a retirada da madeira da floresta foi feita de modo não predatório - já está presente em uma grande variedade de produtos, oriundos tanto de florestas nativas quanto das cultivadas. Madeira para construção civil, fitoterápicos, óleos essenciais, embalagens, lápis e talheres estão entre os produtos com selo disponíveis no mercado brasileiro, que já tem 190 cadeias produtivas certificadas. 'Na Inglaterra, até papel higiênico vem com o selo verde.'
EstanteNo mercado editorial, o selo verde começa a tomar força. A Companhia das Letras, que lançou o livro certificado de José Saramago, estendeu a certificação para outras obras do autor impressas após a obtenção do selo FSC, em 2005. A coleção de livros policiais da editora, que inclui autores como Tony Bellotto e Joaquim Nogueira, também é certificada.
A onda de livros 'verdes' foi deflagrada por pressão de ONGs como o Greenpeace e pela adesão voluntária de autores de renome - o próprio José Saramago, Isabel Allende e J. K. Rowling, autora da série Harry Potter. Os livros do bruxo, por sinal, estão saindo com selo verde em vários países: Inglaterra, EUA, Canadá e agora Brasil, pela Editora Rocco.
O que é o selo verdeCertificação florestal: Mecanismo que, por meio de padrões técnicos, atesta que a empresa explora a floresta de modo responsável, sem exaurir os recursos naturais. Vale também para florestas plantadas (pinus e eucaliptos). Nesse caso, garante que as áreas cultivadas seguem padrões de proteção ao meio ambiente e que a empresa respeita normas e direitos trabalhistas
Selo verde FSC: A organização FSC (sigla em inglês para Conselho de Manejo Florestal), com sede na Alemanha, fornece padrões para a certificação das empresas. Para tornar isso claro, criou o selo FSC, para produtos de origem florestal e derivados, a chamada cadeia de custódia. O selo atesta que a empresa passou por todas as etapas do processo de certificação, que inclui vários tipos de auditoria
Quem se certifica: Madeireiras, indústrias de móveis, papel e celulose, fabricantes de produtos cujas matérias-primas venham da floresta, como cosméticos, e empresas ligadas às cadeias produtivas desses setores
(Por Andrea Vialli,
Estado de S. Paulo, 23/05/2007)