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corais desmatamento
2007-05-23

O mergulhador havaiano Scott Sharpe explora o mundo submarino das Filipinas, onde chegou há 11 anos atraído pela beleza marinha do arquipélago asiático. Mas, agora percebe sinais perturbadors. “Dia a dia aumenta o estresse ambiental da vida marinha”, disse Sharpe, de 51 anos, dono da organização privada Explorações Marinhas da Bahia de Súbc. “Uma das razões é o impacto do aquecimento do planeta causado pelo desmatamento”, afirmou. No último dia 7, a revista internacional Science lançou luz sobre um aspecto que preocupa os amantes dos oceanos em um artigo intitulado “Um mundo sem corais?”.

A revista da American Association for the Advancement of Science é a última entre várias publicações especializadas em ciência avançada a alertar que o aquecimento global mataria os arrecifes de coral. Sua descoloração é um dos sinais mais claros do fenômeno. “O último, e talvez o maior perigo atual para os arrecifes é sua perda de cor”, revela o artigo, que começa descrevendo um “cemitério silencioso” de corais no mar de Andaman, na costa sudeste da Tailândia.

“Quando a temperatura da superfície do mar aumenta um grau ou mais acima do normal durante o verão, e por várias semanas, os pólipos expulsam, por razões não muito bem conhecidas, suas zooxantelas, algas simbióticas que lhes dão cor e os nutrem. Os pólipos empalidecem e ficam sem nutrientes” explica a revista. No início deste ano, o Instituto Australiano de Ciência Marinha também demonstrou preocupação em um informe intitulado “Arrecifes de coral e mudança climática”, preparado para a reunião do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC).

Esse grupo, que funciona na órbita da Organização das Nações Unidas, estuda as causas, o impacto e as formas de minimizar o aquecimento causado pela emissão de gases causadores do efeito estufa. A maioria dos cientistas atribui esse fenômeno à emissão de gases que causam o efeito estufa, como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. “A mudança climática causada pelo efeito estufa tem conseqüências significativas para os corais. Há um vínculo direto entre a incomum temperatura quente do mar e a perda de cor desses arrecifes em todo o mundo”, diz o informe do instituto australiano.

O biólogo marinho Domingo Ochavillo, das Filipinas, concorda com essa afirmação. “Os arrecifes de coral são o melhor barômetro da mudança climática. Sua descoloração é um indicador do que ocorre por causa do aquecimento do planeta. Vamos perder nosso patrimônio”, disse desde Manila. Essa previsão negativa para o solo oceânico ganhou significado adicional nas Filipinas nos últimos dois anos, após uma pesquisa que apontou o arquipélago como possuidor das jóias da coroa da biodiversidade marinha em todo o mundo.

A pesquisa, que durou 10 anos, divulgada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), colocou a riqueza oceânica dessa nação no centro do “triângulo de coral”, que inclui Austrália, Indonésia, Malásia e Papua Nova Guiné. “Os filipinos se entusiasmaram porque se soube que temos no mar e qu somos o centro da biodiversidade na região”, disse Ochavillo, que também é dirtor da Reef Check nas Filipinas, uma rede internacional presente em mais de 80 países que estuda regularmente os corais de todo o mundo.

“A informação de que estamos perdendo nosso patrimônio ajudou a gerar maior consciência” nesse país, disse Ochavillo. As riquezas submarinas deram a essa nação do sudeste da Ásia um lugar entre os locais considerados patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O local escolhido foi o Parque Marinho Arrecife Tubbataha, com 10 mil hectares de corais e biodiversidade marinha diante da costa sudoeste do país.

“Os pesquisadores registraram 396 espécies de corais, 85% de todas as espécies do país”, segundo o site do Arrecife Tubbataha. Há 479 espécies de peixes de 46 famílias. As arraias manta são assíduas visitantes, como as barracudas e outros cardumes. Tubbataha também abriga sis espécies de tubarões”. No sudeste da Ásia, as Filipinas são o segundo país, atrás da Indonésia, com o maior leito marinho coberto por corais, segundo o informe sobre o “Status dos Arrecifes de Coral no Mundo”.

As investigações sobre os corais duros indicam que entre 50% e 75% de todos os existentes se encontram em quatro nações desta região, acrescenta o informe. São elas Indonésia, com 590 espécies; Filipinas, com 464, e Vietnã e Malásia com 400 cada uma. O futuro desta região de grande biodiversidade foi divulgado este ano, quando o IPCC alertou que a temperatura da Terra pode aumentar em dois graus se não se puser freio imediato ao ritmo atual de contaminação da atmosfera, responsável pela mudança climática.

Organizações ambientalistas alertam que há muito mais em jogo do que a simples perda de beleza marinha se os arrecifes de coral das Filipinas se converterem em um cemitério. “Os cardumes que se alimentam os arrecifes de coral serão prejudicados”, disse Abigail Jabines, da seção para o sudeste da Ásia do Greenpeace. “As Filipinas são um dos países mais vulneráveis à elevação da temperatura domar. Pelo menos um milhão de pescadores que dependem da pesca em pequena escala serão afetados pelo fenômeno”, disse Jabines à IPS em entrevista desde Manila.
(Por Maraan Macan-Markar, IPS, 22/05/2007)


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