Numa entrevista em Assunção, no Paraguai, onde acompanha a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro de Minas e Energia Silas Rondeau disse que permanecerá no cargo até o momento em que Lula quiser. "Não existe nada que venha a me comprometer", afirmou. "Estou absolutamente à vontade até o momento em que o presidente, que é dono do cargo, decidir." Ele disse que ainda não conversou com Lula sobre o assunto.
Ivo Costa, assessor do ministro, é um dos 46 suspeitos que a PF deteve na última quinta-feira. Entre os projetos que tiveram recursos desviados, de que eles teriam participado, estavam os do Programa Luz Para Todos, sob responsabilidade do Ministério de Minas e Energia. Rondeau disse desconhecer o assunto. "Desconheço essa informação. A Polícia Federal e o Ministério Público elucidarão essa questão." O ministro foi investigado na Operação Navalha por suspeita de corrupção passiva. Uma fonte da Polícia Federal confirmou que Rondeau - que entrou no governo por indicação do PMDB - foi monitorado pela suspeita de ter sido recompensado pela construtora Gautama.
No entanto, depois de várias alegações de desconhecer o caso, o ministro acabou admitindo que conhece o assunto. "Não há uma prova (do pagamento dos R$ 100 mil) porque é uma mentira", disse. "Pode haver uma suposição. Eu não acredito que a Polícia Federal tenha dito isso." Mais adiante, mudou de tom para acrescentar: "Esse é um processo que está correndo em segredo de Justiça. Não posso dar detalhes."
O ministro definiu a Operação Navalha como "uma pauta negativa que se sobrepõe a uma pauta positiva do País." Ele afirmou, também, que as investigações não atrapalharão o ritmo de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "O PAC está muito acima de um prefeito, de um assessor ou de qualquer ilação. O PAC é maior do que a navalha." Segundo fontes ligadas ao Ministério, Rondeau teria sido orientado pelo ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, a falar sobre as denúncias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Por Leonêncio Nossa, Agência Estado, 21/05/2007)