*Edmundo Fuller
O atual Plano Diretor permite a construção de espigões no interior dos bairros que não têm rede pluvial e cloacal suficientemente dimensionadas para poder fluir seus esgotos. Os esgotos se misturam e vazam. As ruas, estreitas, recebem cada vez mais automóveis e o congestionamento crescendo. Misturam-se no ar buzinaços e gases. Lixo aumentando e surgem as carroças. Sombras se projetam pelos passeios e ruas. Presente a insalubridade. Solo da cidade cada vez mais impermeabilizado.
As águas rolam e rolam. A vegetação sumindo e o calor aumentando. Meio ambiente degradado e depredado. Responsável é este Plano Diretor de destruição ambiental. Em sua revisão, que vem em boa hora, o Plano cria a chamada área livre, ou seja: "parcela de terreno permeável, vegetada e livre de construção, não podendo estar sob a projeção da edificação".
Surpreendentemente, as entidades empresariais lideradas pelo sindicato "mercadófilo" não querem a aprovação deste salutar dispositivo universal. São, portanto, coniventes com o crime ambiental que tem no excesso de calor, na poluição da atmosfera, no congestionamento e alagamentos, os elementos comprobatórios do irracionalismo que vem sendo acentuadamente praticado.
*arquiteto e professor
(Palavra do leitor, Jornal do Comércio, 22/05/2007)