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rio dos sinos comitês de bacia
2007-05-22

Igrejinha deve iniciar um ciclo de debates entre a prefeitura, vereadores e população, para decidir se será prorrogada, revogada ou fotalecida a Lei Municipal 3.575, de 30 de novembro de 2004, que havia proibido a instalação de novos loteamentos na bacia do Arroio Koetz, que corta a cidade.

O dispositivo surgiu para evitar que novos empreendimentos agravassem o quadro de freqüentes cheias do arroio, até que um estudo técnico avaliasse a questão. Estudo feito, os resultados foram apresentados na última semana e indicaram que ainda é cedo para liberar novas construções.

A avaliação foi feita pela empresa Hidroenge, de Porto Alegre, através de um convênio entre prefeitura e o Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio dos Sinos (Comitesinos). O recurso veio do pacote de medidas do Projeto de Identificação dos Pontos de Impacto da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos - retirada e devolução da água (Monalisa), que entre 2004 e 2006 monitorou impactos ambientais em toda a Bacia do Sinos.

Conforme o engenheiro Henrique Kotsian, que participou dos estudos e esteve na reunião da última quarta-feira (16/5), existem medidas que podem ser implantadas para sanar o problema já existente. A própria cidade ocupou áreas que seria de várzea, para onde normalmente o arroio extravasaria em caso de chuvas fortes. “Some-se a isso pontos de margem sem mata ciliar e a canalização existente em alguns pontos, que não tem capacidade de dar vazão em enxurradas.”

Entre soluções para amenizar os problemas estaria a implantação de lagoas de contenção em pontos de encostas. Essas lagoas, com barragens de três a quatro metros de altura, reteriam parte da água pluvial que desce das encostas por um certo tempo. “Evitariam apenas que ela se somasse à enxurrada, sendo liberada aos poucos depois”, assinala Kotsian. Outro ponto colocado pelo estudo está evitar o asfaltamento das vias. “É preciso optar por uma pavimentação permeável, que permita que o solo absorva a chuva. Um dos pontos que deve gerar discussão está a sugestão de instalação de sisternas, para captar a água da chuva.

“Principalmente em empresas que têm uma área muito grande de telhado. Isso acabaria se tornando vantajoso para as firmas, que poderiam usar a água da chuva em limpezas e nos banheiros, por exemplo.” O engenheiro enfatiza que, “em momento algum o estudo apontou que podem ser liberados os novos loteamentos. Isso é algo que ainda vai precisar ser discutido entre a comunidade”.

Leito transborda em meia hora de chuva
Para a coordenadora do Departamento de Meio Ambiente, da Secretaria Municipal de Planejamento, Maira Cristina Marques, o estudo feito na bacia do Arroio Koetz abrangeu desde as dimensões e características topográficas do curso d’água, até a quantidade de chuva necessária para que ele invada residências. “Basicamente, a conclusão foi de que ele transborda com 37 minutos de chuva forte”, conta.

Ela diz que atualmente há um projeto de loteamento trancado no bairro Viaduto, por causa de sua possível influência no comportamento do arroio. O Koetz tem 4,5 quilômetros de extensão e corta também o Centro. “Já foi responsável por tragédias em suas enxurradas”, recorda Maira. Segundo a coordenadora, a discussão em torno do problema agora não tem data para terminar. “Temos um passivo ambiental antigo a ser resolvido, já que é de longa data que o arroio vem sendo maltratado.”

Muito dessa realidade foi visto por estudantes de escolas da região em abril, durante o 3.º Encontro Infanto-Juvenil de Educação Ambiental da Bacia do Sinos. Entre as atividades do evento, que teve apoio da prefeitura e reuniu cerca de 500 participantes, estavam saídas de campo nos moldes do Projeto Monalisa, que avaliaram o estado do Arroio Koetz no Centro da cidade. No encontro promovido pelo Comitesinos, os jovens avaliaram o estado das margens, a canalização do curso d’água em alguns pontos e o problema do esgoto, entre outros aspectos.

Quanto às medidas propostas pelos engenheiros, a discussão deve correr paralela a um trabalho de avaliação de custos. “São ações importantes, que provavelmente terão que ser implantadas. Por enquanto, temos apenas um ‘chute’ de R$ 100 mil como estimativa de custo das lagoas de contenção, mas ainda é um dado muito remoto”, assinala, lembrando que provavelmente o município terá que buscar parcerias ou recursos de outras esferas para colocar as propostas em prática.
(Jornal ABC, 20/05/2007)


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