PF CRIA DIVISÃO PARA CRIMES AMBIENTAIS
2001-11-07
A Polícia Federal criou um órgão exclusivo para proteger o meio ambiente. A nova Coordenação de Repressão aos Crimes Ambientais começa a funcionar em novembro, mas antes mesmo de ser oficializada, já realizou duas grandes operações, com pelo menos 25 prisões e a apreensão de uma tonelada de peixe contrabandeado e de quatro mil toras de madeira extraída ilegalmente de áreas indígenas. A nova divisão da PF vai atuar em diversas frentes com o Ibama, principalmente no combate à biopirataria e aos transgênicos. A PF também está criando diversos núcleos estaduais que ficarão sob a coordenação do delegado Jorge Pontes, especialista em crimes ambientais e que exerceu, por alguns anos, a função de subchefe da Polícia Criminalística Internacional (Interpol) no Brasil. Hoje, a PF tem como áreas consideradas preocupantes na questão ambiental toda Região Norte do País e parte de Mato Grosso, onde há denúncias de invasão de terras indígenas, retirada ilegal de madeira em florestas nacionais, principalmente mogno, cuja extração foi proibida recentemente pelo Ibama. Além disso, na fronteira entre o Pará e Mato Grosso estão concentrados garimpos que poluem rios da região. O principal plano de atuação da Coordenação de Crimes Ambientais já está definido. - Estamos montando a Operação Natura, que será desencadeada em todo o País. Será uma força-tarefa voltada para a questão ambiental, informa o coordenador central policial da PF, Wilson Salles Damázio, não revelando o período nem os locais que será feito o trabalho. Hoje, a Polícia Federal já realiza pelo menos cinco grandes operações neste setor, principalmente na Amazônia. Com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) da própria PF, foi montada a Operação Pau Brasil, desencadeada entre o Maranhão e Pará. Em poucas semanas, foram apreendidas quatro mil toras de madeira nobre, 17 serrarias foram interditadas e abertos 51 inquéritos, com 21 prisões em flagrante. Nesta mesma operação, a PF apreendeu 38 veículos. A outra operação foi realizada na Reserva Biológica Abufari, no Amazonas. Os policiais federais flagraram barcos pesqueiros contrabandeando peixe, principalmente pirarucu. Além disso, foram encontradas, na embarcação, quase 400 tartarugas que seriam vendidas principalmente no mercado de Manaus. Hoje, conforme levantamento dos policiais, uma tartaruga com 70 quilos - a média na região - alimenta com tranqüilidade pelo menos 40 pessoas, em 14 pratos diferentes. (O Paraense)