PARA PROCURADOR INVESTIMENTO EM BELO MONTE É QUESTIONÁVEL
2001-11-07
Calculada em US$ 3,7 bilhões, a usina de Belo Monte será construída para amenizar a crise energética principalmente no Sudeste. Outros US$ 2 bilhões deverão ser gastos com linhões de transmissões. Pelas contas do presidente da Eletronorte, a energia gerada poderá chegar a São Paulo ao preço de 25 dólares/megawatt contra os atuais 40 dólares. - Enquanto isso, o agricultor da região continuará na lamparina, reagiu Tarcísio Feitosa, um dos coordenadores do Movimento pelo Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu, que reúne 103 entidades da região. Na entrevista, o presidente da Eletronorte contabilizou que o impacto da usina será limitado em apenas 200 quilômetros quadrados. Haverá o remanejamento de 2.000 famílias que vivem em Altamira (PA) em palafitas. Diz que apenas 48 índios da aldeia Paquiçamba serão afetados pelas obras. Em compensação, eles poderão passar a dispor de área dez vezes maior do que a da reserva atual. - A própria Eletronorte reconhece que existem 20 etnias ao longo do rio Xingu e que serão afetadas pelas obras da hidrelétrica, afirmou o procurador. Na ação judicial, o Ministério Público argumenta que há necessidade da aprovação, pelo Congresso, de uma lei complementar para autorizar a exploração de recursos hídricos em áreas indígenas. Também afirma que o Eia-Rima deveria ser acompanhado não pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente e sim pelo órgão federal do setor, o Ibama. Segundo o procurador, o investimento é altamente questionável porque a usina funcionará a plena carga apenas durante um semestre. Em três meses do ano, a produção será de apenas 500 megawatts, apenas 1 das 20 máquinas previstas. Em defesa da usina, Lopes afirmou que a energia de Belo Monte permitirá que as outras hidrelétricas do país armazenem água para enfrentar os períodos de seca. (O Paraense)