A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realizará audiência pública para analisar os impactos ambientais da construção de usinas hidrelétricas no rio Tibagi (PR). O projeto mais avançado é o da construção da usina de Mauá, nas proximidades das cidades de Telêmaco Borba e Ortigueira, ambas a cerca de 250 km de Curitiba. O Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2006/2015, do Ministério de Minas e Energia, prevê a construção de sete hidrelétricas no Tibagi, que somarão, se implantadas, 291,6 quilômetros quadrados de área inundada.
Os autores do requerimento, deputados Barbosa Neto (PDT-PR) e Reinaldo Nogueira (PDT-SP), explicam que o rio Tibagi é um dos maiores patrimônios naturais do Paraná e citam denúncias de que os critérios ambientais não teriam sido respeitados para a projeção da obra. A organização não-governamental Liga Ambiental elaborou um dossiê no qual são apontadas diversas irregularidades.
Biodiversidade
Os deputados destacam que o rio é fundamental para a manutenção de florestas de araucária, além de outras espécies vegetais e animais. Barbosa Neto apóia-se em estudos da Universidade Estadual Londrina (UEL) sobre a bacia hidrográfica do Tibagi que somam 59 monografias de graduação, cinco dissertações de mestrado, nove teses de doutorado, 38 artigos científicos e quatro livros. "As conclusões desses trabalhos são unânimes em destacar a importância da biodiversidade local, que abriga diversos ecossistemas terrestres e aquáticos, ameaçados por empreendimentos hidrelétricos", afirma o deputado.
As pesquisas já identificaram 747 espécies animais. A bacia do Tibagi é marcada pelo encontro de diversos ecossistemas paranaenses, como os campos, o cerrado, a floresta com araucárias e a mata com perobas.
Desde o início da década de 1990, quando o projeto da construção da usina de Mauá foi proposto, grupos socioambientais, pesquisadores das universidades estaduais de Londrina e de Maringá e comunidades locais e indígenas se mobilizam contra a hidrelétrica devido aos impactos negativos na biodiversidade.
Convidados
A reunião, que ainda não foi agendada pela comissão, deverá ter a participação de representantes do Ministério Público Federal; da Agência da Bacia do Rio Tibagi; da Liga Ambiental; do Projeto Tibagi/Universidade Estadual de Londrina; do Instituto Ambiental do Paraná; e da Companhia Paranaense de Energia Elétrica.
(Por Antonio Barros, Agência Câmara, 21/05/2007)