Um dos obstáculos para a prática adequada do ecoturismo é a falta de profissionais capacitados. Em Brotas, interior de São Paulo, as agências de turismo e os órgãos municipais usavam a população como mão-de-obra. - As pessoas abrem uma empresa para explorar o ecoturismo, depredam tudo que tem direito e depois vão embora em busca de outro local para praticarem o mesmo tipo de atividade, conta Maria Inez. Nesse município, nunca foi observado, por exemplo, a capacidade de ocupação do local, ou seja, a quantidade de visitantes que o local suporta. - Nunca foi feito, dentro do plano de manejo deles, um estudo que dissesse qual seria a capacidade de carga da cidade, diz a professora. Ela denuncia que os responsáveis pelo depredação de muitos paraísos ecológicos que existem no Brasil são, muitas vezes, os próprios governos, ONGs e agências de turismo. - É difícil generalizar, mas existe muita picaretagem nesse ramo. Ecoturismo é saber respeitar esse potencial de maneira sustentada, com educação e conscientização, afirma. Maria Inez admite que mesmo com os planos de manejo, não é possível eliminar os impactos ambientais e sim, apenas minimizá-los ao máximo, se forem bem realizados. - O plano de manejo tem que ser dinâmico, ou seja, tem que ser revisto periodicamente e adaptável à novas situações, ensina ela. Em Campos de Jordão, na Serra Paulista, um passeio que leva o dia inteiro para ser concluído, é feito por uma agência local em apenas duas horas. - Quando fiquei sabendo disso, perguntei o que faziam nesse passeio ecológico. Eles então responderam: Ah, apostamos quem chega em primeiro no topo. Em Brasília, outro exemplo de desinformação. Existe uma piscina natural belíssima e as pessoas acham que aquilo é um clube. Se perguntar, ninguém sabe o que é, lamenta. Para ela, a obrigação de esclarecer a população é dos órgãos ambientais. - Os órgãos governamentais tem a obrigação de regularizar, principalmente, a situação dessas agências, conclui. Bonito, no estado do Mato Grosso do Sul, é o exemplo emblemático mais triste de falta de planejamento e cobiça por parte do governo (municipal), que explora e depreda aquela região. - Bonito não tem uma grande infra-estrutura, e no entanto, acontece o que todos sabem, a cada dia está sendo destruído um pouco daquela região, em decorrência da grande quantidade de visitantes. .