Acusado de vender aves silvestres ilegalmente, Acácio dos Reis, 59 anos, continua preso na delegacia de Santo Estêvão, depois de ter sido flagrado durante uma blitz realizada na manhã de anteontem (19/05), no município situado na microrregião de Feira de Santana e distante 147 km de Salvador. Na operação, conduzida por homens da 57ª Companhia Independente da Polícia Militar e pela ambientalista Telma Lobão, foram recuperados 111 pássaros da fauna nativa brasileira, a exemplo de curiós, papa-capins, canário, cardeais e sofrês, que depois foram soltos em uma fazenda dedicada à proteção ambiental na cidade.
Segundo informações da ambientalista, foram encontrados com Reis cerca de 20 aves, que estavam acondicionadas em compartimentos escondidos na mala de seu automóvel, um Voiage de placa JNJ-4548. O acusado estava tentando vendê-las na feira livre de Santo Estêvão, considerado um dos maiores entrepostos de tráfico e comércio ilegal de animais silvestres, perdendo apenas para Feira de Santana.
O restante das aves, informa Telma, foram recolhidas espalhadas pela feira de Santo Estevão, mas os comerciantes ilegais fugiram quando viram a presença dos dois soldados e de um tenente da PM no local. Após prisão de reis, a polícia vasculhou outros lugares na periferia do município, para convencer a população a devolver os pássaros à natureza, sob pena de serem identificados como receptadores. Na ocasião, uma dona de casa entregou à equipe duas jandaias e uma cuiúba com as asas cortadas, prática realizada para impedir que as aves fujam.
“Em uma propriedade rural pertencente ao fazendeiro João Alves, nós encontramos também filhotes de pássaros silvestres abrigados em um tipo de viveiro improvisado, em condições que beiravam a crueldade”, relatou a ambientalista. O proprietário do lugar, especula Telma, teria fugido ao perceber a chegada dos homens da PM. “Achamos filhotes de papa-capim e rolinhas com ovos postos. Temos a informação de que esse homem (Alves) vende as aves ainda pequenas, mas elas já exibiam condições de vôo”, acrescentou.
Apoio
Durante a operação, que durou das 8h30 às 13h do sábado, diversos moradores entregaram voluntariamente alguns pássaros mantidos em suas casas. “Nos cercaram querendo saber do que se tratava e, quando foram informados do que era, passaram a nos apoiar e disseram que nunca mais deixariam de denunciar a venda de animais em Santo Estêvão. Um dos moradores devolveu, de uma só vez, oito aves”, comemorou Telma.
Nos próximos dias, a ambientalista afirmou que mais outras blitze serão realizadas em locais já identificados como ponto de tráfico e contrabando de espécies da fauna brasileira.
Grande parte das aves encontradas em Santo Estêvão é comprada de caçadores de pequenos municípios a valores situados entre R$0,50 e R$1, e depois revendidos nas feiras livres, sobretudo nas cidades da microrregião de Feira. (JCJ)
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Correio da Bahia, 21/05/2007)