Eles ainda são pequenos, mas, diante de um tanque de reciclagem de papel, se mostram bastante maduros ao falar da lição que prometem usar pelo resto da vida: poupar ao máximo os recursos que a natureza oferece. Uma vez por semana, 15 alunos de 9 a 12 anos, do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) de Balneário Camboriú, vão ao campus da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) aprender a fazer papel reciclado.
Os instrutores são estudantes universitários de design e turismo, cursos que desenvolvem o projeto Papel Social. Nas aulas, que começaram em abril e vão até o final do ano, as crianças exercitam diferentes técnicas de confecção de papéis, aprendem a fazer objetos decorativos com o material, lancham e conversam sobre os problemas ambientais do planeta.
Destes diálogos é que se formam opiniões como a de Maicon Luís da Silva, 12 anos, que está na quarta série. “Se continuarmos reciclando papel, vamos ter que cortar menos árvores. Assim, estamos ajudando a limpar o planeta”, diz o garoto, com convicção.
Em casa, as aulas já começaram a dar resultado. Ele passou a separar o lixo seco e vive inventando bonecos de sucata. As latinhas de refrigerante, junta para vender.
A coordenadora do Projeto Papel Social, Ana Tereza Tessari Vicente, acredita que atitudes simples como esta vão ajudar a formar uma nova geração de consumidores conscientes em relação a problemas ambientais.
“Colocando a mão na massa, eles saem daqui com noções de cidadania, higiene, educação e ainda conhecem maneiras de obter algum rendimento no futuro”, destaca a coordenadora.
O papel utilizado para a reciclagem é tão abundante quanto a empolgação das crianças. As folhas de sulfite usadas que a Univali descarta são destinadas ao projeto ao invés de pararem no lixo.
Com um pouco de corante com o interesse das crianças, a mistura vira papel para cartão e papel machê de várias espessuras e cores.
Ana Tereza explica que a produção na universidade é só experimental, para levar o conhecimento aos pequenos. Mas a professora acredita que, do laboratório de reciclagem para fora, estes alunos vão se tornar multiplicadores e, o melhor, em favor da natureza.
(Por Sicilia Vechi,
A Notícia, 21/05/2007)