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corais
2007-05-21

No parque marinho de Kushimoto, 640 quilômetros a sudoeste de Tóquio, os mergulhadores retiram estrelas do mar, que se alimentam dos famosos arrecifes de coral locais e ameaçam sua existência. Os mergulhadores fazem esse trabalho voluntariamente, dentro de um projeto apoiado pelo governo local que proporciona equipamento de mergulho e assessoramento de biólogos marinhos. “A temperatura do oceano em torno de Kushimoto aumentou um grau desde os anos 70. Por isso, proliferam as estrelas do mar que destroem o coral. Retirar esses animais é um trabalho difícil, mas nossos homens estão ansiosos por ajudar”, disse Keiichi Nomura, biólogo do parque marinho.

Como diretor do projeto, Nomura instrui os mergulhadores para que retirem as estrelas do mar “coroa de espinhos” (Acanthaster planci) com pequenas pinças. Às vezes, retiram durante o processo pedaços de coral. Porém, os biólogos consideram que isso é mais seguro do que recorrer a produtos químicos. O esforço vale a pena. Kushimoto tem as maiores colônias de coral do Japão. Seus arrecifes são, também, os mais setentrionais do planeta. O valor especial do lugar foi reconhecido em novembro de 2005 pela Conservação de Ramsar (1971), tratado internacional assinado para preservar pântanos e outras terras úmidas de importância internacional.

Embora Kushimoto mantenha uma pesca comercial e esportiva, além de atividades que vão do turismo à pesquisa científica, sua delicada ecologia marinha é considerada ameaçada pela mudança climática. Neste caso, o fenômeno não se vincula apenas ao aquecimento global, mas também à presença de correntes marinhas quentes que dotam o lugar de sua riqueza coralina e de outras espécies próprias dos trópicos. “O Japão desenvolve um plano de ação muito necessário para proteger arrecifes sob ameaça. O objetivo é consegui-lo através de uma associação mundial baseada na coordenação entre governos e outros setores”, explicou Keisuke Takahashi, do Ministério do Meio Ambiente.

Junto com Palau, o Japão foi sede, em abril, da Iniciativa Internacional para os Arrecifes Coralinos. Na oportunidade foi lançado o plano de ação para atender objetivos estabelecidos para 2008, Ano Internacional dos Arrecifes. Segundo dados apresentados na conferência, 30% dos arrecifes da Ásia, que abrigam uma biodiversidade extraordinariamente rica, desaparecerão em 30 anos, a menos que sejam tomadas medidas urgentes. Como em todos os anos desde 2000, no próximo dia 22 será comemorado o Dia Internacional para a Diversidade Biológica, consagrado pela Organização das Nações Unidas para conscientizar sobre a importância de sua preservação.

Quase 80% dos arrecifes japoneses estão perto de Okinawa e ilhas vizinhas, ameaçadas pelo turismo e pelas bases militares norte-americanas. As atividades humanas, que causam a entrada de terra com oxido no mar e águas quentes em volta do Japão, são apontadas com responsáveis pelo rápido crescimento das estrelas do mar que, em muitos lugares, começaram a cobrir os corais e asfixiá-los. A situação dos arrecifes é crítica, segundo o biólogo kazuhiko Sakai, especialista em larvas de corais do departamento de biodiversidade da Universidade Ryukoku. “A falta de conhecimentos, o efeito do aquecimento global e a reticência em desenvolver políticas de administração de recursos ecologicamente sólidas têm impacto nos projetos de conservação do Japão”, acrescentou.

Na conferência de Tóquio, especialistas conscientes da difícil luta que têm diante de si discutiram um contexto de trabalho para a conservação, baseado na intervenção de setores como o agrícola e a indústria da construção, para controlar o fluxo de terras com óxido no mar. “A melhor maneira de combater a destruição de corais é reunir vários setores. Esperamos que está medida estabeleça as bases para permitir que o Japão tenha um papel de liderança na proteção dos arrecifes de coral na área Ásia-Pacífico”, explicou Takahashi. Como parte da iniciativa, o Ministério de Meio Ambiente apresentará um comitê de promoção nacional para o Ano Internacional dos Arrecifes 2008, que dará forma ao novo modelo de conservação.

O Japão já envolve especialistas em outros ecossistemas relevantes, como mangues e florestas tropicais, na conservação de arrecifes. Os danos que sofrem os 96 mil hectares de arrecifes coralinos japoneses ilustram como a política de desenvolvimento em grande escala é priorizada em detrimento do meio ambiente. A rápida expansão econômica dos anos 70 e 80 causou estragos, porque não esteve acompanhada de leis sobre proteção ambiental, como o estabelecimento de reservas naturais protegidas. Um exemplo importante de trabalho cooperativo é Sango Mura (Aldeia de Coral), em uma ilha perto de Okinawa.

Este projeto comunitário, iniciado em 2005, é desenvolvido em conjunto pelo Ministério de Meio Ambiente, o governo local de Okinawa e a filial japonesa do Fundo Mundial para a Natureza. Satoshi Maekawa, do Fundo Mundial para a Natureza, afirmou que o sucesso só é possível se for conseguido “um equilíbrio entre a proteção dos meios de subsistência e a proteção dos arrecifes”.
(Por Suvendrini Kakuchi, IPS, 18/05/2007)


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